Chega perto de 900 o número de amostras de sangue enviadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen) para confirmar em exames, a doença de Chagas no Paraná.
A farmacêutica e bioquímica do setor de imunologia, Soraia Reda Gilber, afirma que não tem como precisar quantas pessoas vão fazer os exames, mas eles esperam um número aproximado de 50 mil. ?Muita gente do Paraná vai para o litoral do estado vizinho?, analisa.
Só ontem chegaram cerca de 500 amostras, sendo grande parte do interior do Estado. Desse total, 230 exames estão prontos e até agora nenhum apresentou sorologia positiva.
No Paraná o caminhoneiro Jair Pedro Fritzen, que tomou caldo de cana contaminado ainda está internado no Hospital Nossa Senhora das Graças, na capital. O seu quadro de saúde é bom e estável.
A bioquímica Soraia comenta que é importante diagnosticar a doença ainda na fase aguda porque é possível curá-la. Esse período dura em média dois meses. Depois vem a fase crônica, quando o protozoário Trypanosoma cruzi se instala nos tecidos do coração e aparelho digestivo, provocando sérios danos.
Falta material
O Lacen está fazendo três tipos de exames para confirmar o diagnóstico. Ontem havia acabado o material que faz um deles, mas o Ministério da Saúde já estava enviando mais kits.
O Lacen está recebendo amostras de sangue de todo o Estado. Em Maringá, o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) centraliza o material. No local são feitos quatro tipos de exames e depois são enviados para Curitiba para a realização de mais um. Até agora doze pessoas solicitaram o atendimento.
Em Londrina, as amostras de sangue estão sendo coletadas no laboratório municipal. Até agora foram 77 suspeitas na cidade e uma em Cambé. O material foi enviado ontem para o Lacen.
Nas unidades de saúde em Curitiba, as pessoas fazem dois exames de sangue, um venoso e outro da polpa digital (dedo), para identificação da presença do parasita Trypanosoma Cruzi, transmissor da Doença de Chagas. As equipes das unidades também estão aptas a providenciar os primeiros cuidados em pacientes com sinais da doença. Desde a última quarta-feira, foram feitos 594 exames de sangue nas unidades de saúde.
Santa Catarina
Joinville está concentrando o maior número de internações por suspeita de doença de Chagas em Santa Catarina. Até ontem à tarde, de acordo com o gerente da Vigilância em Saúde do município, Adilson Buzzi, eram 41 pessoas internadas, oito casos confirmados, entre eles as cinco primeiras vítimas – duas em estado grave. No Estado são 30 casos confirmados da doença, com cinco mortos – ainda não há confirmação para o sexto caso, e 112 suspeitos.
Em três dias o Laboratório Central de Santa Catarina examinou mais de 1.500 amostras de sangue para descobrir possíveis portadores da doença. (Elizangela Wroniski e agências)
Orientação da Anvisa
Brasília (AE) – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientou os hemocentros públicos do País a classificar como inaptas para doação de sangue as pessoas que consumiram caldo de cana de quiosques às margens da BR-101, entre os municípios de Piçarras e Itajaí (SC). A medida, adotada por orientação do Ministério da Saúde, é para impedir uma contaminação em cadeia pelo sangue infectado com o protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas.
Todo centro de coleta de sangue terá de obter dos doadores, além das tradicionais informações sobre o estado de saúde das pessoas e uso de medicamentos, dados sobre a ingestão de caldo de cana de quiosques da região de Piçarras e Itajaí no período de 1.º de fevereiro a 23 de março deste ano.
O sangue do doador que informar ao hemocentro que tomou caldo de cana dos estabelecimentos às margens da BR-101 será submetido à análise clínica para verificar a contaminação pelo protozoário transmissor do mal de Chagas. Em caso de confirmação da doença, a pessoa será encaminhada para tratamento médico.