Representantes dos cerca de 400 laboratórios de exames de medicina nuclear do País estão cobrando do governo federal uma nova tabela de repasses do Sistema Único de Saúde (SUS).
Isso porque a turbulência no cenário econômico internacional fez com que uma fornecedora canadense de materiais radioativos aumentasse o preço de um importante insumo necessário para exames de medicina nuclear, e agora o custo dos serviços estaria 40% maior. O impasse pode refletir no volume de atendimentos do SUS.
O Departamento de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas de Curitiba relata que já encontra dificuldades para viabilizar os 400 exames mensais que realiza via SUS. O fato preocupa a sociedade médica que, na eventual falta dos exames, teriam que suspender tratamentos e até cirurgias.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular (Sbbmn), o preço em dólar do tecnécio – material usado em 90% dos exames de medicina nuclear – teve um reajuste de 138%.
O único órgão autorizado a fornecer esse material para os laboratórios, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que é ligado ao Ministério de Ciências e Tecnologia, repassou um aumento de 70% para laboratórios.
“O problema é que a tabela de repasses elaborado pelo Ministério da Saúde não foi alterada para que ela se adaptasse ao aumento do custo dos exames”, afirma o presidente da Sbbmn, José Soares.
Em caso de escassez de exames, a alternativa de procurar um laboratório particular pode sair caro, principalmente para quem necessita do serviço público de saúde. Um exame mais simples custa em torno de R$ 270. Para um exame cardíaco a situação se agrava, com o preço podendo chegar a R$ 800.
O chefe do Departamento de Medicina Nuclear do HC, Luiz Carlos Volner, explica que o hospital conta com uma verba limitada e que precisa estender o custeio para cobrir os gastos dos materiais. “O cobertor é curto. Não é possível tirar de outros setores que também são importantes para cobrir esse aumento”, afirma.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), nenhum prestador de serviço se manifestou quanto ao problema ou solicitou auxilio da Secretaria. Em função disso, a Sesa não traçou um panorama do problema. Já o Ministério da Saúde não havia se manifestado quanto ao problema até o fechamento desta edição.