O juiz da 22.ª Vara Cível de Curitiba, Sérgio Jorge Domingos, concedeu ontem à empresa Triunfaz Construções e Incorporações a reintegração de posse do terreno da qual é sócia-proprietária no bairro Campo Comprido. O local é ocupado há uma semana por famílias que alegam não conseguir pagar aluguel ou aderir a programas de financiamento popular. A partir da decisão judicial, o Comando da Polícia Militar informou ontem que protocolou a ordem e deve dar início aos estudos sobre o local, propondo aos ocupantes uma saída pacífica.

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Revoltados com a possível ligação estabelecida entre eles e membros da equipe do governador Roberto Requião, os ocupantes se rebelaram e resistiram em falar com a imprensa na tarde de ontem. Depois toparam conversar, mas sem permitir a entrada da reportagem no terreno. ?Nem governador, nem prefeito, nem o Lula está nos apoiando. Contamos apenas com a união do povo?, disse o motoboy Wagner Weber Xavier, um dos ocupantes. Eles ainda afirmam que não conheciam o assessor do governador, Carlos Lima, que foi até o local anteontem alegando querer apaziguar o conflito. Lima também se defendeu dizendo que é pastor da igreja Batista e engajado em trabalhos com populações de baixa renda e, por isso, sua intervenção não teria conotação política.

Sem resistência

Apesar de se mostrarem indignados com a situação, os ocupantes indicaram que, no momento em que forem oficialmente informados sobre a necessidade de deixar o terreno, o farão sem resistência. Os ocupantes sinalizam que pretendem lutar judicialmente pela área. ?O Movimento Nacional da Luta pela Moradia mandou representantes para cá afirmando que nos ajudará?, disse o motoboy. ?Primeiro queremos adquirir a área. Se acontecer de realmente ficarmos aqui, daí vamos nos organizar?. Mesmo assim, as famílias já estavam loteando o terreno para estabelecer o pedaço que cabe a cada uma.

Momentos depois, o advogado Luiz Fernando Dietrich, que representa a empresa sócia-proprietária do terreno, anunciava a decisão judicial que deu a reintegração de posse do terreno à empresa. ?O juiz solicitou ao comando da PM o efetivo policial necessário para cumprir a reintegração?, disse. O Comando da PM, entretanto, ainda não fala em prazos. A assessoria de imprensa informou que a ordem será protocolada internamente e em seguida cumprida.

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