Vinte dias depois de perder o marido, vítima da diabetes, Solange das Graças Ribeiro Dias, de 45 anos, não sabia mais como iria sustentar a casa. Foram 32 anos de casamento: ela cuidava do lar, ele das contas.

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Ela descobriu que tem direito de receber o Fundo de Garantia do marido, mas sabia que teria que pedir ajuda de um advogado para iniciar o processo. Foi quando, em um anúncio na rádio, soube da 123.ª edição do programa Justiça no Bairro, que teve início ontem, na Rua da Cidadania do Pinheirinho, em Curitiba.

“Cheguei 6h20 e antes das 11h já resolvi tudo”, comemora a dona de casa, que agora terá um meio de sobreviver até encontrar um emprego. Assim como ela, mais de 2 mil pessoas foram atendidas apenas na manhã de ontem.

A maioria buscava divórcio. É o caso da costureira Jussara Aparecida Rolin e do motorista Humberto Nascimento Filho, que foram casados por 11 anos e há seis meses tentam a separação judicial.

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“Perde-se um dia do mesmo jeito, mas pelo menos é no sábado e é de graça”, afirma Humberto. Para a auxiliar de serviços gerais Geni Monteiro, que passou um ano na Justiça tentando o divórcio sem sucesso, o projeto também foi uma salvação. “Agora finalmente a gente resolve isso e cada um segue sua vida”, desabafa.

As atividades do Justiça no Bairro são promovidas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Núcleo de Prática Jurídica da FAE Centro Universitário. A Secretaria Municipal de Ação Social e a Defensoria Pública da Prefeitura de Curitiba também participam.

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Atividades

Qualquer processo que se enquadre na Vara Cível ou Vara da Família será aberto ou orientado até o final da tarde de hoje, quando se encerram as atividades. Além de divórcios, pedidos de pensão alimentícia e interdição de incapazes, pessoas que têm renda familiar de até três salários mínimos poderão pedir exames de DNA, fazer documentos como RG, CPF e Carteira de Trabalho, ou ainda doar sangue, buscar empregos na Agência do Trabalhador e receber orientações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Copel e Sanepar.

Amanhã, às 18h, o projeto promove um casamento coletivo que será realizado pela desembargadora do TJ, a juíza Joeci Machado Camargo, que também é coordenadora do Justiça no Bairro.

“Nosso objetivo é o acolhimento e atendimento da pessoa carente. Deslocamos o Judiciário até o povo e, através da união com o Ministério Público, resgatamos os direitos dessas famílias”, ressalta.