Justiça e cotas põem estudante na UEL

A estudante Daniela dos Santos Gomes conseguiu na Justiça o direito de se matricular na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ao contrário dos dois alunos que também conseguiram liminares para freqüentar as aulas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a ação impetrada por ela não é contra o sistema de cotas, mas requer o direito de ser beneficiada por ele. Daniela conseguiu uma bolsa de estudos e cursou o ensino médio em uma escola particular, mas as cotas se destinam apenas a alunos de escolas públicas. A aluna fez a matrícula ontem pela manhã.

A UEL implantou no último vestibular o sistema de cotas, onde reserva 20% das vagas para alunos de escolas públicas e 20% para afrodescendentes também oriundos de escolas públicas. Daniela concorreu pelo sistema a uma vaga no curso de Geografia. Foi aprovada, mas impedida de efetuar a matrícula. A estudante não correspondia ao perfil exigido que era ter cursado de 5.ª a 8.ª série e o ensino médio em escola pública.

Foram oferecidas 40 vagas para o curso de Geografia e a estudante teria ficado em 55.º lugar na classificação geral, mas em terceiro entre os candidatos que concorreram pelas cotas para estudantes negros. O advogado de Daniela, Antônio Fidélis, disse que a estudante só estudou em escola particular porque conseguiu uma bolsa de estudos. Ele comentou que o princípio das cotas é ajudar pessoas menos favorecidas, sendo o caso da estudante sua cliente. Os argumentos foram aceitos pelo juiz Álvaro Rodrigues Júnior, da 10.ª Vara Cível, que concedeu a liminar.

Segundo o pró-reitor de graduação, Jairo Pacheco, a matrícula da aluna foi feita ontem, mas a UEL vai recorrer da decisão. Ele explicou que o acesso privilegiado é para as pessoas que estudaram em escola pública. Esse foi o modelo escolhido para fazer um recorte sócio-econômico da população. Embora a estudante tenha origens humildes ela teve melhores condições para se preparar para concorrer a uma vaga.

Entre os 3.010 aprovados em primeira chamada no vestibular 2005 da universidade, 1.011 entraram pelo sistema de cotas – desses, 279 se declararam negros.

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