A Justiça do Paraná decidiu suspender o julgamento do bolsonarista acusado de matar um petista em Foz do Iguaçu. O júri popular estava marcado para 2 de maio.
Decisão acata um pedido da defesa do ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho. O advogado Samir Mattar Assad, que representa o acusado, alegou à Justiça que o julgamento deveria ser transferido da comarca de Foz do Iguaçu pela repercussão do caso na cidade e pelo cargo que a vítima, o guarda municipal Marcelo Arruda, ocupava na gestão municipal.
O juiz entendeu que poderia haver “influência na decisão dos jurados”. Além da carreira da vítima, o juiz substituto Sergio Luiz Patitucci, que assina a decisão, cita o fato da mulher da vítima, Pamela Suellen Silva, ter um cargo em Itaipu Binacional e o corpo de jurados ser composto por sete funcionários da usina e 21 funcionários municipais de Foz.
Ainda não há data para um próximo júri. O primeiro julgamento do caso foi marcado para dezembro de 2023 e depois remarcado para o dia 4 de abril deste ano.
Decisão não bate martelo sobre a transferência de comarca. Patitucci afirma que a suspensão ocorre para que seja “possível o aprofundamento dos argumentos trazidos pelo autor” para assim decidir sobre a transferência do julgamento. A decisão foi publicada ontem (26).
Acusação afirma que independentemente do local, há fatores que indicam a “possibilidade de um juízo condenatório do réu”. Daniel Godoy, advogado da assistência de acusação, disse ao UOL que a decisão cabe recurso e que vão conversar com a família para tomar qualquer iniciativa.
Relembre o caso
Vítima foi morta quando comemorava 50 anos. No dia 9 de julho de 2022, Arruda celebrava o aniversário com amigos em Foz do Iguaçu em uma festa temática do PT o guarda municipal era eleitor de Lula.
Guaranho invadiu a festa aos gritos de “Bolsonaro” e “mito”, segundo relataram testemunhas. O homem ameaçou os presentes e saiu. Depois, ao reencontrar Arruda, atirou no aniversariante, que também estava armado e revidou mas não sobreviveu.
Arruda era casado e tinha quatro filhos. Ele era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz, tesoureiro do PT municipal e foi candidato a vice-prefeito.
Defesa descarta motivação política e vai pedir absolvição. Os representantes legais de Guaranho alegam que o policial penal agiu em legítima defesa, já que Arruda estava com a arma em punho quando o atirador invadiu a festa onde ocorreu o crime.