Banho a cada três dias, quando vem água ou quando chove. Aparelhos elétricos que queimam a cada instante ou comida que estraga na geladeira pela inconstância da eletricidade. Nos horários de pico, entre 18h30 e 20h, a certeza que não haverá luz.
Incêndios e curtos-circuitos, iniciados nos ?gatos? (ligações clandestinas) de energia. O suplício das 55 famílias que moram na Rua João Krzyanowski, Vila Leonice, Cachoeira, que já dura mais de 12 anos e foi mostrado pelo Paraná-Online em janeiro, está prestes a acabar.
Há pouco mais de duas semanas, a Copel instalou postes e linha de energia na rua, e a ligação logo deve ser feita nas casas. A Sanepar e a Prefeitura também estudam melhorias.
A Rua João Krzyanowski é uma área invadida há 12 anos pelas 55 famílias. No entanto, os moradores não queriam viver na irregularidade. Negociaram com a proprietária da terra, que aceitou acordo e os moradores começaram a pagar pelo terreno em parcelas.
Em contrapartida, ela deveria providenciar a regularização dos documentos e ajudá-los com as ligações de água e luz. Não se sabe por qual motivo, a dona da terra não providenciou tal documentação. Desconfiados, alguns moradores pararam de pagar as parcelas. Outros, quitaram a dívida. Por causa do imbróglio judicial, nenhuma concessionária de água e energia queria atendê-los.
Vitória
Átila Alberti |
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Copel instalou postes para acabar com os ?gatos?. |
Há algumas semanas, as famílias conseguiram liminar na Justiça, autorizando as ligações. O Paraná-Online esteve lá, no final de semana, e constatou que a Copel instalou oito postes de luz em toda a extensão da rua. Foram colocados também 700 metros de cabos de alta tensão, e outros 206 metros para rede de baixa tensão, já ligados à rede de energia. Também foi instalado um transformador, que, segundo a Copel, é suficiente para atender a demanda local. Tudo, num investimento de R$ 25 mil. Agora, a empresa aguarda que os moradores providenciem em seus terrenos o poste padrão Copel. Agora, as famílias estão orçando os postes e relógios medidores. Um morador que está com a casa em obras e já colocou o poste padrão, teve a luz ligada na última segunda-feira. A dona de casa Leila de Fátima Hederick animou-se tanto com os postes e as promessas de água, que até investiu em sua casa. Mostra orgulhosa o ?puxadinho? de telhado que fez em frente, e a calçada de azulejos no portão.
Problemas perto da solução
Não é só a falta de energia elétrica que deixava as 55 famílias da Rua João Krzyanowski desoladas. A água vem de um relógio comunitário, na parte baixa da rua. Sem pressão suficiente, as casas no topo, às vezes, passam até três dias sem abastecimento. Após saber que os moradores conseguiram a liminar, a Sanepar informou que irá analisar o teor da documentação, para também abastecer o local. Aliás, a Rua João Krzyanowski já possui toda a tubulação de água, mas que está seca.
Bairro
A Prefeitura disse que melhorou a iluminação pública da Vila Leonice e já programou avaliação para melhorias na rua, pela Secretaria de Obras. A Fundação de Ação Social informa que atende cerca de 50 famílias da Vila Leonice, todos os meses, com programas sociais. Entre eles estão o Amigo Curitibano, para portadores de deficiências; atendimento aos participantes do Bolsa Família; o Agente Jovem; o Adolescente Aprendiz; além de ações em parceria com a redes socioassistenciais locais, com a unidade de saúde da Vila Leonice e com o Programa Comunidade Escola do CEI Romário Martins. Um curso de biscuit está programado para 2 de junho, no bairro.
Ainda assim, o presidente da Associação de Pais, Mestres e Funcionários do Colégio Estadual Presidente Getúlio Vargas, instalada no local, Reinaldo Domingues da Silva, contou que, há até algumas semanas, jovens da comunidade utilizavam duas quadras de esportes particulares da região. No entanto, as canchas não estão mais acessíveis e as das escolas próximas, nem sempre estão disponíveis. ?Nossos jovens precisam de ocupação. Precisam do esporte e de outros incentivos para não chegarem nas drogas?, finaliza Reinaldo.
