Cascavel (AE) – O juiz da 1.ª Vara Cível da Comarca de Cascavel, Fabrício Priotto Mussi, concedeu ontem, liminar de reintegração de posse do campo experimental de sementes da multinacional Syngenta Seeds em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná. A unidade está ocupada pela Via Campesina desde terça-feira.
Os manifestantes têm cinco dias para desocupar a área. As lideranças do movimento, no entanto, garantem que vão permanecer no local por tempo indeterminado. Caso a ordem judicial não seja cumprida no prazo, o juiz estabeleceu uma multa diária no valor de R$ 100,00 por invasor. A medida prevê ainda a notificação ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), para que ofereça, em 60 dias, a força policial para executar a ordem de despejo.
De acordo com a Via Campesina, entidade que reúne vários grupos, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a invasão é para denunciar os experimentos com sementes geneticamente modificadas que a multinacional mantêm no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, o que é proibido por lei. A empresa nega irregularidades.
No meio da tarde, um oficial de Justiça entregou a liminar aos agricultores acampados no campo experimental da Syngenta. Celso Barbosa, um dos líderes do movimento, afirma que os agricultores vão permanecer na unidade até que o governo federal encerre as atividades da empresa. "A medida judicial dará mais força ao nosso movimento", assegura Barbosa.
As lideranças enviaram uma cópia do documento, via fax, à direção da Via Campesina, que participa da convenção da ONU em Curitiba, para que recorra da decisão. Barbosa não confirma e nem desmente que os agricultores podem radicalizar o movimento. "A orientação repassada é para não mexer em nada, por enquanto", resume Barbosa.
