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Jovens usam música para se afastar da violência

Um passeio pela Vila Audi, no Uberaba, não soa como um dos programas mais atrativos para a maioria dos curitibanos, que veem a pobreza e a violência como a principal marca da região. Mas as mesmas ruas que já serviram como cenário para chacinas e assassinatos e ponto para o tráfico de drogas também abrigam um exemplo de solidariedade e mobilização.

Há 12 anos, o Clube de Mães da Vila Audi atua para levar mais qualidade de vida para a comunidade. “Organizamos muitas atividades, como aulas de violão, oficina de costura, informática, artesanato, escolinha de futebol, distribuição de frutas e verduras todas as semanas, de cestas básicas uma vez por mês. Nosso cadastro tem hoje mais de 200 famílias”, diz a presidente da entidade, Sueli Aparecida Carneiro.

Foi Sueli quem deu início ao clube, em 2001, logo que chegou ao bairro. “Tudo começou por necessidade. Quando saí da Moradias Cajuru e vim pra cá, fui morar na beira do rio. Lá dava muita enchente e cada vez a gente perdia tudo. Daí comecei a ir atrás de recursos, para mim e todos os meus vizinhos. E assim fundamos o clube de mães”, conta.

Felipe Rosa
Aula de violão é uma das atividades oferecidas à comunidade.

Tráfico

Deixar as crianças longe da criminalidade foi desde o início um dos principais objetivos do clube. E nessa luta, nem sempre as histórias tiveram final feliz. “Perdemos muitos adolescentes por causa da violência. Alguns eu cheguei a segurar no último suspiro, quando corri para tentar acudir. Foram assassinados por traficantes, por causa de dívidas de R$ 20 ou R$ 30”, lamenta Sueli.

Segundo a presidente do clube, o ambiente do bairro ficou mais tranquilo nos últimos anos. “Principalmente porque a estrutura melhorou muito. As ruas foram asfaltadas, as casas ganharam luz e esgoto. Isso vai afugentando os bandidos, que procuram lugares mais afastados”, afirma.

Felipe Rosa
Ambiente no bairro ficou mais tranquilo nos últimos anos.

Doação sempre bem-vinda

Para se manter ativo, o clube conta apenas com a solidariedade dos colaboradores, sejam doadores ou voluntários. “Estamos sempre precisando muito de gente que nos ajude: professores de informática, cuidadores, qualquer um que possa dedicar um pouco de seu tempo, ensinar uma atividade… E também quem possa fazer doações em qualquer época do ano. Sempre temos muita coisa no Natal, Dia das Crianças… Mas a turma está aqui o ano inteiro”, afirma Sueli aparecida Carneiro.

Felipe Rosa
Marcio prepara cesta de frutas e verduras pra distribuição.

Quem quiser ajudar, pode entrar em contato pelo telefone 3364-5313. O tesoureiro do clube, Marcio Moraes, pede a quem queira fazer doação que vá pessoalmente conhecer a entidade e a vila. “Muitas vezes, as pessoas nem sabe para onde vão as suas doações.

Em um natal, um senhor queria doar 150 panetones, mas dizia que não tinha tempo para trazer. Convencemos ele a vir e levamos para fazer a distribuição na parte mais pobre do bairro. E lá viu muita gente chorando de alegria, porque aquilo seria a única coisa que teriam para presentear a família. Foi o melhor Natal da vida dele, que agora vol,ta todos os anos”.