O êxodo rural de jovens, motivo de preocupação das entidades focadas no desenvolvimento social, pode estar tomando um outro rumo. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), cerca de 11 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 30 anos ainda vivem fora dos grandes centros.
Para incentivar os jovens a permanecer no meio rural, desde quarta-feira a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) está promovendo o Seminário Estadual de Jovens Trabalhadores Rurais, em Curitiba.
Com a participação de mais de 40 jovens de diversas partes do Estado, o evento, que tem o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), objetiva motivar e valorizar os jovens quanto ao trabalho no campo.
Para o coordenador do seminário, Marcos Brambilla, o foco principal do seminário são as políticas públicas que viabilizam a qualificação dos trabalhadores, e que, conseqüentemente, possibilitam permanência da juventude no campo.
“É importante que haja políticas públicas focadas na qualificação das pessoas no meio rural. Os cursos e os investimentos são importantes para que o jovem enxergue o campo de forma atrativa”, afirma.
Brambilla destaca também que é preciso ressaltar para o jovem que a atividade agropecuária pode oferecer uma boa qualidade de vida para quem trabalha na área.
Para Wagner Favetta, 17 anos, que mora em Iporã, oeste do Estado, não há motivos fortes o suficiente para atraí-lo para as grandes cidades. Para ele, a possibilidade de crescimento profissional no meio rural é tão grande quanto nos centros urbanos. “A partir do momento que você busca a profissionalização, as oportunidades aparecem”, conta.
Já o agricultor Zenilton Pereira Ortiz, 19 anos, acredita que a qualidade de vida no campo é superior à verificada nas cidades. “No campo não existe poluição e o custo de vida acima do padrão das capitais é mais baixo”, diz o jovem, que mora em Ortigueira, na região centro-norte do Estado.
De acordo com Denise Fernandes, 16 anos, que mora em Astorga, na região de Maringá, seminários como este são importantes porque dão fundamentos práticos para buscar o progresso no campo.
“Com o aperfeiçoamento de técnicas da agricultura podemos buscar novas fontes de renda. Assim, sabemos como contornar fatores externos, como a chuva ou a seca, que podem colocar uma lavoura em risco”, explica.