Jovem que mora em Israel procura familiares no Paraná

Esta semana, uma jovem brasileira criada em Israel entrou em contato com a equipe de reportagem de O Estado e, em inglês, fez o seguinte pedido: ?por favor, me ajudem a encontrar a mulher que me deu à luz, minha família e, se possível, até meu pai?. A garota enviou duas fotos: uma de quando chegou à família israelense e outra de como ela está hoje. As informações sobre seu passado ainda estão um pouco desencontradas. Ayellette, como se chama atualmente, vem para o Brasil ainda este mês e quer juntar as peças desse misterioso quebra-cabeça.

Um dos poucos dados que Ayellette passou é que teria mais ou menos 23 anos e que quando foi adotada teria aproximadamente 4. Com todas as imagens soltas que guarda da infância no Brasil, ela diz ter quase certeza de ter nascido no Paraná. ?Eu lembro de uma casa perto do mar e de outra menina, provavelmente minha irmã, e uma mulher sentada perto de uma banheira pequena de madeira e lavando roupa. Eu lembro do mar e lembro que eu brincava com outra menina, talvez outra irmã, com latinhas de alumínio?, escreve ela um pouco confusa.

De quando foi levada do Brasil – não se sabe se por meio de adoção legal ou meio ilícito – foi acompanhada de dois homens em um carro. ?Eu lembro de um lugar cheio de gente e de dois homens vindo me pegar. Fui para São Paulo e lá entrei em um carro preto com esses dois homens. Eu não estava assustada. Eles me disseram que de agora em diante eu iria ter uma família que me compraria roupas e bicicletas. Eu acreditei?, lembra Ayellette. Ela continua contando que, de São Paulo, foi levada para o Rio de Janeiro, onde foi entregue à família com a qual ela iria viver em Israel.

Nos documentos que ela encontrou na bela casa em que vive no oeste de Israel, encontrou o nome brasileiro Cristina da Silva. Se as informações dela estiverem corretas, ela nasceu em 1983, e em 1987 foi levada a Israel.

A reportagem de O Estado entrou em contato com a Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), entidade que centraliza os processos de adoção internacional no Paraná, que afirmou que teria como verificar se existe esse processo de adoção – caso seja legal – mas isso somente pode ser feito pela Ayellette, quando estiver no país – informação confirmada pela Vara da Infância e Juventude de Curitiba. No entanto, a funcionária, que não se identificou, lembrou que na década de 80 o tráfico de crianças brasileiras para Israel era muito comum. Era nessa época que agia Arlete Hilu.

A coordenadora do Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida do Paraná (CriDesPar), Marília Marchese, e a presidente da organização, deputada estadual Arlete Caramês, também foram procuradas. Nos arquivos do CriDesPar, haviam registros (fotos, documentos e dados dos familiares) do desaparecimento de uma criança muito parecida fisicamente com Ayellette. No entanto, uma atitude só pode ser tomada quando a jovem chegar no Brasil. As responsáveis pela organização se comprometeram em realizar o exame de DNA para verificar as chances de ser essa uma das crianças desaparecidas do Estado. Se a jovem não for do Paraná, pela organização é possível entrar em contato com as sedes de outros estados.

A equipe de O Estado procurou por três dias a delegada do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), Márcia Tavares, mas ela não atendeu. 

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