“Todo barulho é brega. O silêncio é chique.” A frase do jornalista José Fiori, 52 anos, resume bem a tônica do livro Textos para Ouvir ? sobre a Eutopia do Silêncio, lançado anteontem no Espaço Cultural do Centro da Memória do Sistema Fiep/Cietep, em Curitiba. O livro, o primeiro solo de Fiori, é um ensaio crítico sobre a poluição sonora. A publicação faz alusão a um lugar feliz, “eutopia”, onde não existem ruídos, e incentiva a reflexão sobre a necessidade do silêncio, por mais inatingível que pareça.

“Não é um livro de alta profundidade, mesmo porque a minha formação é jornalística”, antecipa o autor. Ele conta que para escrever a obra tomou como base reclamações que chegam à imprensa e matérias publicadas em jornais relacionadas ao incômodo que o barulho traz. “Temos que vender o silêncio como algo de valor. Com o progresso e a tecnologia, ele não é valorizado mais”, diz, acrescentando que “nem nos parques existe mais silêncio”.

Em Textos para Ouvir, o autor enfoca a indústria cultural, os problemas da poluição sonora e elenca sugestões e procedimentos na luta contra o barulho globalizado, considerado por Fiori como um problema ambiental e de saúde pública.

Experiência própria

A rejeição ao barulho, lembra Fiori, começou em meados de 1997, quando morava em frente a uma danceteria, no centro de Curitiba. “A casa abria à meia-noite e só fechava quando o dia amanhecia. Eu e alguns vizinhos procuramos a Secretaria de Urbanismo, registramos reclamação, até que a danceteria foi fechada”, recorda-se. Naquele mesmo período, Fiori resolveu encampar de vez a luta contra o barulho e se tornou um dos fundadores da Associação de Defesa do Direito ao Silêncio (ADDS) – uma organização não governamental (ONG) que reúne pessoas que, como Fiori, repudiam a poluição sonora.

“Assim como existe campanha contra o cigarro, deveria existir também contra poluição sonora”, sugere. “O barulho causa estresse, irritação, até câncer.”

Textos para Ouvir – sobre a Eutopia do Silêncio tem 210 páginas e foi publicado pela Informarketing. A edição é limitada em mil exemplares e não é vendida em livrarias. Quem quiser comprar a obra (R$ 15,00) pode entrar em contato com o autor pelo telefone (41) 9982-6404.

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