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Jornalista e atriz curitibana cega lança livro digital

A vida da curitibana Danieli Haloten é, desde o começo, uma história de superação. Desde o berço, ela teve de conviver com um glaucoma, que foi lhe tirando a visão até virar cegueira. Apesar da doença, ela conseguiu seguir em frente nos estudos, se formar em jornalismo e virar atriz de teatro e até de uma telenovela da Rede Globo. Agora, ela está apresentando o fruto de mais uma vitória sobre sua deficiência: um livro que narra experiências vividas em outros países, com relatos de viagens e dicas de turismo.

O livro “Uma Viagem no Escuro” surgiu de um período de intercâmbio cheio de contratempos. Em 2011, logo após viver a personagem Anita, na novela “Caras & Bocas”, Danieli decidiu viver uma experiência internacional. “As pessoas sempre falaram para mim tentar a vida no exterior e, como eu queria aperfeiçoar o meu inglês, resolvi procurar uma oportunidade. Foi muito difícil encontrar uma escola que me aceitasse, até que conheci uma agência no Canadá, que me ofereceu uma possibilidade em Vancouver”, relata.

Mas o que parecia ser uma chance se revelou uma grande roubada. “A agência e a família me lograram. Era para ser em Vancouver, mas me mandaram para o fim do mundo, perto de uma cidade chamada Surrey, há mais de 40 quilômetros e no meio do mato. Um lugar ermo, em que eu não conseguia nem chegar ao ponto de ônibus sozinha. Fiquei um mês lá e tive que voltar, porque era totalmente inviável”, conta.

Felipe Rosa
Danieli: as pessoas têm muita curiosidade de saber como faço as coisas sem enxergar.

Danieli, porém, conseguiu transformar a frustração em mais um feito. “Meus amigos me falaram para escrever um livro com a história e eu levei a sugestão a sério. Em quatro meses escrevi o livro e foi uma experiência maravilhosa. Quem já leu diz que é uma história muito bacana e um exemplo de superação. Não fiquei apenas me lamentando das dificuldades, se não ninguém ia aguentar. Incluí outras viagens, aos EUA, em um relato sob a perspectiva de uma pessoa que não enxerga”, afirma.

Desafios nos quatro cantos

Com dicas para se virar no exterior, sugestões de lugares interessantes e relatos sobre o dia a dia nesses lugares, “Uma Viagem no Escuro” promete entreter qualquer tipo de leitor. “As pessoas têm muita curiosidade de saber como faço as coisas sem enxergar. Quem ler o livro vai descobrir como eu me viro e conhecer um relato bastante realista sobre os lugares que eu conheci, sempre na comparação com o Brasil”, diz a autora.

O livro, por enquanto, está disponível apenas em formato digital, que permite acesso a todos os tipos de leitores. “Eu sempre quis que as editoras oferecerem livros acessíveis para os leitores com deficiência visual. Então, tenho que dar o exemplo e mostrar que é possível”, diz Danieli. Para comprar, basta acessar a página da autora na internet, no endereço www.danielihaloten. com.br. O preço é de R$ 9.

Em suas aventuras longe de casa, Danieli percebeu que a vida de um deficiente visual é repleta de desafios em qualquer lugar do mundo. Mas lamenta que, na sua cidade, as coisas não tenham melhorado nos últimos anos. “Até pouco tempo atrás, eu só queria andar de ônibus. Mas Curitiba cresceu muito e o transporte público não acompanhou. Hoje, os ônibus são superlotados e as pessoas não respeitam o cão guia, nem cedem o lugar. Na legislação, o Brasil está bastante avançado. Falta melhorar a questão da mobilidade”, avalia.

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