O jornalista Mauri König é finalista do prêmio da Federação Internacional dos Jornalistas pelas reportagens publicadas em O Estado em 2000 e 2001 que denunciaram o recrutamento de jovens pelas Forças Armadas do Paraguai. A premiação acontecerá dia 15 de novembro em Bruxelas (Bélgica).

Mauri passou a investigar o assunto depois de conversar com um colega paraguaio. Em dois meses, ele reuniu dados que mostravam o recrutamento para serviço militar de garotos de 12 a 18 anos. Entre eles, trinta brasileiros trabalhavam nestas condições no país vizinho.

Para escrever a primeira matéria, ele viajou até o Paraguai quatro vezes com a companhia de um fotógrafo. Na quinta, o jornalista foi sozinho e, durante uma blitz em uma estrada de chão a 80 km da fronteira com Foz do Iguaçu, foi espancado por homens, um inclusive vestido com uniforme da polícia. “Eles me espancaram com pedaço de pau, chutes e com correntes. Estava de bruços e um deles tentou me estrangular. Me fingi de morto. Quando eles viram que estava perdendo os sentidos, me bateram mais e depois foram embora”, relata. Mauri acredita que os agressores estavam o seguindo porque ele já tinha passado por várias delegacias da região para colher informações.

Depois da publicação e repercussão da matéria, ele recebeu muitos dados de pessoas do Paraguai. Investigou por mais três meses e, na segunda reportagem, denunciou que 109 jovens recrutados morreram misteriosamente com tiros de fuzil entre 1989 e 2000 dentro dos quartéis.

Pelas reportagens, Mauri ganhou em 2001 os prêmios Vladimir Herzog, Esso (Região Sul) e o Embratel (Região Sul). Neste ano, conquistou o prêmio da Sociedade Interamericana de Jornalistas. Agora, ele pode receber o prêmio da Federação Internacional dos Jornalistas. “Foi um trauma muito grande. A recompensa mais importante é a repercussão internacional. Houve pressão no governo paraguaio. Inclusive o presidente Luis González Macchi assinou no começo de 2002 um acordo com a ONU para não recrutar menores para o serviço militar”, conta.

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