Aos 70 anos, o jornalista aposentado Flávio Reiss descobriu numa paixão antiga uma maneira de ocupar o tempo e oferecer conhecimento às crianças através de um projeto social. Enxadrista desde a infância, Seu Flávio sempre encontrou nos tabuleiros um meio de se divertir e exercitar o raciocínio e atenção. Além disso, participou de torneios em todo o Brasil, que lhe renderam vários títulos. “O xadrez sempre me foi generoso comigo e agora chegou a hora de eu retribuir um pouco”, brinca.

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Atualmente, Seu Flávio está à frente do Projeto XEC, que oferece aulas de xadrez a 19 crianças e tem como sede as dependências do Círculo Militar do Paraná. “É um projeto social que atende desde crianças aqui do clube, como crianças carentes de escolas públicas. É muito prezeroso trabalhar nesse tipo de projeto porque vemos o interesse das crianças no xadrez e também observamos como elas melhoram no seu dia a dia”, conta.

De acordo com o instrutor, o esporte aprimora a capacidade de concentração e a velocidade de raciocínio das crianças. “Elas aprendem a ter mais foco e a se concentrar independente do que estiver acontecendo ao seu redor. E isso, claro, reflete no cotidiano delas, na escola e dentro de casa”, explica.

Gerson Klaina
Seu Flávio: xadrez ensina a manter o foco quando há muita coisa acontecendo ao redor.

Valdir Stedile, pai de três alunos do projeto, confirma as palavras de Seu Flávio. Ele relata que seus filhos mudaram seu desempenho na escola e o comportamento dentro de casa. “Eles ficam mais concentrados e mais tranquilos dentro de casa. E no colégio também é nítida a melhora nas notas, já que eles passam a prestar mais atenção. O poder de raciocínio é aprimorado com o xadrez”, comenta.

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“Se você reparar, muitos acidentes no trânsito acontecem porque a pessoa se distrai com o que está em seu entorno e não está concentrado na direção. E o xadrez ensina você a manter o foco quando há muita coisa acontecendo ao seu redor. Esses dias tinha uma obra aqui na sala de aula e eu insisti para os alunos continuarem jogando. E foram muito bem. E isso eles vão levar para a vida, seja na escola, no trabalho ou em casa”, diz Seu Flávio.

Não adianta forçar!

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Apesar de indicar a prática do xadrez para crianças, o professor ressalta que é preciso que os pais tenham cuidado no momento de introduzir o esporte na vida dos filhos. “Não adianta forçar. Aqui no curso eu já tive que recusar alunos porque eles não estavam interessados e não tinham o perfil. Muitos deles queriam jogar futebol, praticar natação ou outro esporte, o que não é errado. Cada criança tem que praticar o que gosta. Se gostar de xadrez, ótimo. Se gostar de futebol, ótimo também”, recomenda.

Dessa maneira, Seu Flávio segue os dias ensinando os atalhos do tabuleiro. “Jogar xadrez é um prazer e ensinar xadrez é um prazer ainda maior. Quero continuar muitos anos nessa atividade e, pelos frutos que estamos colhendo, com crianças excelentes nesse esporte e que vão virar, com certeza, mestres em xadrez, tenho certeza que escolhi o caminho certo”, conclui.