Quando termina o atendimento individual, Orlando vai para o palanque do auditório, que permanece coberto de flores, e começa a psicografar as cartas. Ele tira os óculos e passa horas escrevendo, com uma das mãos cobrindo parcialmente os olhos. Enquanto isso, o público ouve testemunhos, palestras, e músicas que também compõem o roteiro de evangélicos e católicos.
Quando a psicografia acaba, o público está de pé, de mãos dadas, cantando “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos, em coro. Todos, ansiosos, são informados de que, como dizia Chico Xavier, “o telefone só toca de lá para cá”, ou seja, não tem como definir quem irá se comunicar com os que ficaram. As nove cartas psicografadas começam a ser lidas na frente de todos, e quem, ao final, não recebe nenhuma comunicação, sai com a certeza de que foram priorizados pelos espíritos aqueles parentes que sofriam mais.
Entre os que tiveram a sorte de ouvir uma mensagem estava Izolda. Ana Carolina explicou para a mãe que o casal de gêmeos está crescendo no plano espiritual e já está com dois aninhos. Ela contou que sabia dos riscos quando ficou grávida, mas que optou ainda assim por tentar trazer os filhos ao mundo. Izolda caiu aos prantos, bem como os poucos da plateia que sabiam de sua história. Outras duas mães receberam notícias dos filhos que cometeram suicídio. Eles pediram perdão e explicaram seus motivos.
O público também ficou emocionado ao ouvir o conteúdo da carta que uma jovem recebeu do namorado Mayros, vítima de um acidente de trânsito na BR-163, em Campo Grande, em dezembro do ano passado. A carta relatou que ele ficou sem ação quando uma camionete veio em sua direção. Todos o que foram chamados ganharam flores, a carta psicografada que receberam e uma gravação. Detalhes fazem com que ninguém duvide da veracidade.