O impasse entre agricultores e a Petrobras por uma área de São Mateus do Sul pode estar próxima do fim. A discussão foi travada há mais de dois anos quando a estatal, na tentativa de ampliar a exploração de xisto na região, comprou uma propriedade de quase 250 alqueires, pertencente a um grupo de 72 agricultores. Até a semana passada, dois deles resistiam em deixar o local. Ontem pela manhã, a estatal fechou acordo com um deles – Anísio Milcheski, 41 anos – e agora só resta convencer o outro – Avanir do Amarante, dono da maior área: aproximadamente 30 alqueires.

“A Petrobras vem se esforçando no sentido de fazer novas negociações, com base na legalidade e na clareza”, comentou o gerente geral da Unidade de Negócio da Industrialização do Xisto, José Manuel Villar. Segundo ele, a estatal já ofereceu duas propriedades ao agricultor – uma de 23 alqueires e outra de 41 alqueires, ambas na região de São Mateus do Sul -, mas a proposta foi recusada. Villar esclareceu que estão depositados, em juízo, R$ 260 mil pela área. “Ele alega que a terra vale duas ou três vezes isso, mas compara com propriedades de Cascavel, Toledo, Campo Mourão, e não de São Mateus do Sul.” A estatal tem o direito de desapropriar a área desde 24 de agosto de 2000, conforme o Decreto Presidencial que declarou como de utilidade pública a propriedade em questão.

Prejuízo

“Se não fosse o impasse, a gente já estaria retirando o xisto”, comentou o engenheiro João Carlos Winck, membro do Comitê de Negociação. Segundo ele, a projeção inicial era concluir o processo de desapropriação em meados de março e abril, e começar o processo de retirada em medos de outubro e novembro. “Vamos ter uma descontinuidade de um ou dois meses”, afirmou. A jazida atual esgota sua capacidade em março do ano que vem. Além do prejuízo para a estatal, o município de São Mateus do Sul também pode ser afetado com o impasse. É que a estatal gera impostos que representam 30% do que o município arrecada.

A Unidade de Xisto de São Mateus do Sul produz, diariamente, 7,8 mil toneladas de xisto por dia, 3,8 mil barris de óleo, 45 toneladas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), 70 a 75 unidades de enxofre, 110 a 115 toneladas de gás combustível. Na desapropriação dos quase 250 alqueires, a estatal já gastou mais de R$ 3 milhões.

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