A Itaipu Binacional lança hoje um ambicioso projeto ambiental para combater o assoreamento, que ameaça a qualidade da água de seu reservatório. O projeto será apresentado para a comunidade no 1.º Encontro Cultivando Água Boa, no Centro de Convenções do Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu.
O evento será aberto às 8h pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, e prosseguirá até as 18h. Os organizadores esperam mais de setecentos participantes, entre agricultores, pescadores, representantes de instituições de ensino e das comunidades indígenas, prefeitos e secretários dos municípios lindeiros, entre outros convidados. Participarão ainda do evento o teólogo Leonardo Boff, que falará sobre valores humanos e ação ecológica, e o jornalista Washington Novaes, que abordará gestão ambiental e territorial.
A Itaipu pretende envolver toda a população numa rede de conscientização que garanta a preservação dos mais de 1,5 mil rios e córregos que deságuam em seu lago pela margem brasileira. Monitoramento feito a partir de imagens de satélite mostra que apenas um rio, o São Francisco Falso, despeja por ano 17 mil toneladas de sedimentos no lago, um volume equivalente a 1.133 caminhões, cada um deles carregados com 15 toneladas.
Por isso, a binacional vai estender sua gestão ambiental, que abrange atualmente dezesseis municípios lindeiros para 28 municípios do Oeste paranaense, cujas sub-bacias hidrográficas deságuam diretamente no reservatório. Isso significa que os engenheiros da Itaipu pretendem monitorar o percurso de todos os rios e córregos que lançam suas águas no lago. No caso do São Francisco Falso, por exemplo, o monitoramento será feito desde a nascente do rio, em Céu Azul, até sua entrada no lago, no município de Santa Helena.
Revolucionário
Para o diretor de Coordenação de Itaipu, Nélton Friedrich, o projeto Cultivando Água Boa é um conceito que sintetiza um programa de conscientização e de ações concretas sobre o uso da água. Ele classifica o projeto como “revolucionário”. “Essa é a primeira vez que toda a sociedade é chamada por Itaipu para participar de um projeto dessa natureza”, disse.
A Itaipu mantém um programa permanente de monitoramento da água de seu reservatório. Esse trabalho é feito em conjunto com universidades, prefeituras e instituições governamentais e não-governamentais. “Mas é preciso fazer mais”, diz Nélton. “É preciso transformar não só pequenos agricultores e pescadores, mas, enfim, a população em geral em defensores da água.” A proposta prevê ações preventivas e corretivas.
O compromisso entre a Itaipu e a comunidade, de racionalizar o uso e cuidar da qualidade da água dos rios da região, será marcado por um ato simbólico: O Pacto da Água Boa, inspirado no Our uniting water, desenvolvido na Suécia, por iniciativa da Unesco, quando foram reunidas crianças das diversas nações do mundo em um pacto pela paz.
Programação
O evento será aberto às 8h pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek. Às 8h30, Nélton falará sobre a gestão da bacia hidrográfica do Rio Paraná III. Em seguida, haverá palestras e debates com a participação do secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Caimi, de representantes da Unesco, Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop) e Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros.