Os proprietários de imóveis na cidade de Matinhos, litoral do Paraná, ficaram surpresos ao receber o carnê do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) deste ano. A prefeitura reajustou os valores e, em alguns casos, o contribuinte pode pagar o dobro do custo em relação ao ano passado.
O advogado José Rodolfo Gonçalves Leite, que possui um apartamento no balneário de Caiobá, o ponto mais valorizado do município, revela que o IPTU do seu imóvel passou de R$ 800 para R$ 1,4 mil. “Foi uma grande surpresa ao me deparar com esses valores. Não tivemos qualquer explicação até o momento”, afirma.
Leite diz também que não vê problemas em pagar o valor mais alto, desde que algo seja revertido para a cidade. “Se o imposto retornar em benefícios para a cidade e, principalmente, para Caiobá, não me importo em pagá-lo. Quero usufruir da cidade, pois gosto daqui. Mas eu quero que os problemas locais sejam sanados. Gostaria, por exemplo, que as ruas aqui do balneário não alagassem mais quando chovesse”, avalia.
A pedagoga Claudete Salvatierra também espera que, com o aumento do IPTU, sejam aplicados recursos para benfeitorias em Matinhos. Contudo, ela confessa ter achado o valor um tanto quanto exorbitante.
“O IPTU de Matinhos foi superior ao de Curitiba. Se a gente ver que a prefeitura está se esforçando para melhorar a cidade, a gente vai dar todo apoio. Caso contrário, porém, iremos cobrar, pois não vamos aceitar pagar um alto valor sem receber nada em troca”, afirma.
Ela conta ainda que conhece pessoas que possuem imóvel em Matinhos mas que preferem viajar para o litoral catarinense devido a alguns problemas de infraestrutura do município.
“Quero poder usufruir de Matinhos e Caiobá e não seguir o exemplo dessas pessoas. Se arrumarem a cidade, estou certa que o turista também vai voltar”, opina.
A coordenadora pedagógica Neuza Helena Mansani faz coro junto aos demais sobre o valor do IPTU. Para ela, o grande problema em relação ao valor do imposto foi o fato de que não houve uma explicação para esse aumento.
“Se viesse uma carta dizendo os motivos que levaram a isso e informando o que seria feito com esse dinheiro, as pessoas aceitariam melhor. Acredito que poderia ser interessante o prefeito marcar reuniões com a população, fazendo algo como uma administração participativa”, diz.
Mansani informa ainda que, apesar de alguns problemas de infraestrutura e do imposto alto, ainda vale a pena investir em Matinhos. “A cidade aqui é muito bonita e próxima de Curitiba. Se perguntarem hoje se vale a pena comprar um imóvel aqui, certamente direi sim. Espero que invistam aqui, pois gostaria de que Caiobá voltasse a ser aquele balneário formoso e próspero de 20 anos atrás”, comenta.
Prefeito diz que aumento se justifica pela correção do valor venal do imóvel
Por exemplo, um apartamento no edifício Caiobá Prince, pelo valor de mercado, custa cerca de R$ 1,2 milhão. O valor venal aqui na prefeitura aparecia por R$ 350 mil. Eduardo Dalmora, prefeito de Matinhos. |
O prefeito de Matinhos, Eduardo Dalmora (PDT), revela que foi necessário tomar essa medida impopular pelo fato de que o valor venal (valor do terreno + área construída + alíquota) da cidade estava defasado há anos.
“Não tive outra escolha a não ser reajustar o valor venal pois, do contrário, poderia responder um processo por crime de receita. Por exemplo, um apartamento no edifício Caiobá Prince, pelo valor de mercado, custa cerca de R$ 1,2 milhão. O valor venal aqui na prefeitura aparecia por R$ 350 mil, uma diferença absurda”, informa.
Segundo o prefeito, mesmo com o aumento, boa parte dos proprietários de imóvel entenderam a situação. “Mesmo com essa dose amarga, o povo compreendeu o reajuste. Dos que j,á nos procuraram, 55% pagaram o imposto à vista. Quem ainda tiver dúvidas, pode nos procurar para refazer os cálculos”, garante.
Ele diz ainda que a população pode confiar porque existem projetos para melhoria da cidade. “Além dos trabalhos que realizamos nessa temporada, como iluminação da Praia Mansa, compra de veículos e monitoramento por câmeras em diversos pontos do município, acredito que em breve deveremos revitalizar a orla do balneário Flórida até Caiobá. Há ainda planos para micro e macrodrenagem, que devem representar um fim aos alagamentos na cidade, entre outros”, afirma.