O Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem) está realizando nesta terça-feira (31) a primeira etapa de testes em 195 táxis convocados para inspeção. A vistoria foi solicitada pela Urbanização de Curitiba (Urbs) depois de indícios de fraude nos taxímetros de uma marca específica, usada em parte da frota de táxi. A Urbs, que gerencia o serviço de táxi na cidade, levantou a possibilidade de fraude juntamente com a Delegacia de Crimes contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon).
Na vistoria, técnicos do Ipem verificam o taxímetro e depois levam o carro para percorrer dois mil metros, com o equipamento ligado. Isto permite medir a distância percorrida e o valor equivalente indicado no taxímetro. O procedimento é feito tanto em bandeira 1 quanto em bandeira 2. Os técnicos do Ipem também levam o carro para os limites do município, com o objetivo de verificar a existência de GPS instalado dentro do taxímetro. Em equipamentos adulterados com GPS, quando o carro muda de cidade, automaticamente se calcula os 30% a mais na corrida.
Serão vistoriados 50 táxis por dia, até sexta-feira. “Colocar tudo às claras é melhor para a sociedade”, comentou José Soares Sobrinho, taxista há 25 anos que levou seu veículo para a vistoria na manhã de hoje. Outros profissionais preferiram não se identificar, mas relataram que muitos passageiros passaram a perguntar sobre o funcionamento do taxímetro, indicando preocupação com a corrida. E tudo isto gerou descontentamento por gerar suspeita em toda a categoria.
Após a inspeção, os técnicos do Ipem vão emitir um certificado para quem passou nos testes. O documento deverá ser entregue na Urbs pelo próprio taxista. Se for identificada a fraude durante a vistoria, o taxímetro é imediatamente interditado e apreendido. Os técnicos lavram o auto de infração e informam para a Delegacia do Consumidor.
A Urbs comunicou, por meio de assessoria de imprensa, que está aguardando o resultado das vistorias do Ipem no final desta semana. Cada caso será avaliado separadamente se houver constatação de irregularidades.
O diretor técnico substituto do Ipem, Valter Julio Guimarães, explica que o passageiro pode observar a preservação do lacre do Ipem e a integridade do selo do Inmetro na hora de entrar no táxi. Se ele se sentir lesado, pode formalizar denúncia no Ipem pelo telefone 0800-645-0102.
Em uma blitz na semana passada, quatro taxímetros foram apreendidos. Dois deles possuem fiação conectada diretamente na placa eletrônica do taxímetro. Este fio levava a uma chave, que ficava embaixo no painel. O dispositivo era acionado pelo taxista para cobrar 30% mais pela corrida dentro de Curitiba. “O lacre do Ipem não era rompido. Eles forçaram o lacre, retiraram a parte de trás do taxímetro e colocaram a fiação na placa”, comentou Guimarães.
O terceiro taxímetro apreendido possui o mesmo sistema, mas o taxista alegou que era apenas para ligar e desligar o aparelho, que estaria com defeito nesta função. O quarto caso foi o do GPS integrado ao taxímetro, o que é proibido. “Em setembro, este taxista já havia sido notificado para retirar o GPS. Em novembro, houve a apreensão do aparelho. Agora novamente foi pego com o GPS. Como foi reincidente, isto pode resultar em uma suspensão ou até mesmo cassação da permissão dada pelo Ipem”, explicou o diretor do Ipem. Neste caso, o taxista informou aos técnicos que encontrou o produto já no mercado. Não foram detectados indícios de fraudes em outras marcas de taxímetro.
Ministério Público vai investigar
Além do Ipem e a Urbs, agora o Ministério Público também vai apurar indícios de irregularidades em taxímetros da frota de C,uritiba. O MP enviou ofício à Urbs para que forneça, no prazo de dez dias, a qualificação completa de todos os concessionários prestadores de serviços de táxi de Curitiba; à Delcon – Delegacia do Consumidor, para que, no mesmo prazo, encaminhe cópia integral do inquérito policial instaurado em decorrência da notícia de fraude praticada pelos taxistas.
O MP pedirá também esclarecimentos ao Ipem – Instituto de Pesos e Medidas do Paraná sobre as providências adotadas em relação à suposta fraude e à empresa fornecedora dos equipamentos, para que esclareça sobre os fatos noticiados e forneça as especificações do modelo de taxímetro fabricado com dispositivo que possibilita alterações de valor.