Exatamente um ano atrás o Instituto Paranaense de Cegos (IPC) entrava em intervenção. Após uma ação civil pública proveniente do Ministério Público do Paraná, foi verificado que a administração anterior do órgão estava com problemas de prestação de contas e desvio de dinheiro.
Na época, estimava-se que as dívidas no órgão ultrapassavam R$ 690 mil. Após um ano de trabalho, o interventor Ênio Rodrigues da Rosa afirma que é possível melhorar financeiramente o órgão, que atualmente tem pelo menos R$ 1 milhão em dívidas. Ele destaca que apesar da dívida ser maior agora, o IPC já vem obtendo superávit mensal.
De acordo com Rosa, a dívida gerada pelo não pagamento de luz e água desde 2001 é o que mais preocupa. “O IPC não paga a Copel e a Sanepar há nove anos. Isso configura mais da metade do valor que temos em dívidas”, afirma.
Balanço feito por Rosa aponta que antes da intervenção o IPC tinha um déficit mensal de R$ 14,6 mil. “O IPC recebia mensalmente uma média de R$ 59,2 mil, mas tinha mais de R$ 73,8 mil de despesas por mês. Tínhamos uma sangria no IPC”, aponta.
Após constatar essa situação, foram tomadas medidas focadas no corte de despesas e ampliação de convênios. “Ampliamos convênios com a FAS (Fundação de Ação Social) e com a Fundação Honorina Valente”, diz.
A partir disso foi criada uma comissão de compra para evitar gastos desnecessários, além da melhoria no controle de doações, verificação dos recursos antes de compras, troca de fornecedores e pessoal.
O interventor aponta a negociação das dívidas como positiva. “Conseguimos o parcelamento de uma dívida de R$ 250 mil que envolve INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), contribuições sociais e dívidas trabalhistas”, diz.
Essa negociação reduziu os gastos do IPC e aumentou as receitas, “permitindo assim o pagamento de despesas que anteriormente não eram pagas”, ressalta Rosa. O instituto trabalha agora para negociar o pagamento com a Sanepar e Copel.
Depois dessas medidas, o IPC começou a registrar superávit de R$ 2,9 mil mensais. “Agora, nossas receitas giram em torno de R$ 70,7 mil, enquanto as despesas R$ 67,8 mil, o que nos indica um caminho para a mudança”, afirma. Não existe prazo para término da intervenção no instituto.