Os pequenos proprietários de terra da região Sul do Estado podem ganhar dinheiro com o plantio de árvores e ao mesmo tempo ajudar a controlar a emissão de gases poluentes. A conclusão é de uma pesquisa realizada pelo Instituto Ecoplan em conjunto com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), nos municípios de General Carneiro e Bituruna, que apontou a viabilidade do plantio de árvores para obtenção de créditos de carbono. O trabalho foi apresentado esta semana durante o 2.º Simpósio Latino-Americano sobre Fixação de Carbono, em Curitiba.
O pesquisador da UFPR Rafaelo Balbinot explicou que desde 1992 a temperatura do planeta já aumentou em 1ºC, devido ao efeito estufa, criado por uma camada de gases que envolve a Terra e retém o calor. Dentre esses gases, o que mais retém o calor é o gás carbônico. Todavia, a emissão de gás carbônico pode ser controlada com o plantio de árvores, já que em média 45% da madeira é formada por carbono. “A árvore fixa o carbono em sua fase de crescimento”, revelou. Daí surge a relação direta do plantio de árvores com o controle da emissão de gás carbônico.
Em 1990, foi criado o Protocolo de Kioto, assinado por 120 países. Esse protocolo cria uma lei internacional que obriga esses países a reduzirem em 5,2% a emissão de poluentes até 2012. Entretanto, ele ainda não entrou em vigor, pois precisa de aprovação dos parlamentos de países responsáveis por 55% da emissão de poluentes, normalmente as nações mais industrializadas. Até o momento, Estados Unidos e Rússia, responsáveis pela produção de 25% e 17,4% dos poluentes, respectivamente, ainda não ratificaram sua participação. “Caso um deles ratifique, o protocolo passa a vigorar”, explicou.
Créditos
Como uma maneira paliativa de diminuir a emissão de gás carbônico, criou-se o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Através dele, os países que mais poluem compram créditos de carbono, que são títulos emitidos a partir do plantio de árvores que retêm o carbono. Esse títulos têm o preço variável. Hoje uma tonelada de carbono vale US$ 4. “Nossa idéia é que sejam plantadas 10 mil hectares de árvores no Sul do Paraná, entre pinus, bracatinga e plantas nativas, como a araucária. Em vinte anos elas fixariam 1,2 milhão de toneladas de carbono”, afirmou o presidente do Instituto Ecoplan, Marco Aurélio Ziliotto.
Ziliotto destacou que os proprietários emitiriam os títulos de crédito, receberiam o dinheiro para plantar e depois de vinte anos teriam o lucro com a venda da madeira. “O estudo apontou para viabilidade desse projeto. O que precisamos agora é uma empresa de um país que tem problema com a emissão de carbono que compre os créditos”, afirmou, destacando que para essas empresas é vantajoso, por criar um marketing ecológico.