A vinda de empresas estrangeiras trouxe benefícios às cidades paranaenses, mas a maior parte da população ficou à margem desse processo. Este foi o resultado de uma pesquisa apresentada no workshop Internacionalização da Metrópole e os Direitos Humanos, realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e entidades ligadas ao assunto.

De acordo com o professor Antônio Peres Gediel, coordenador do Núcleo de Direitos Coletivos e Difusos da UFPR, são várias as disparidades sociais causadas pela internacionalização. A cidade de São José dos Pinhais foi citada como exemplo, já que foi a que mais recebeu investimentos nos últimos anos e no entanto possui uma grande concentração de renda. Em Curitiba, 20% da população ganha mais de quinze salários mínimos, porém lá, apenas 5% recebe o mesmo. Durante o dia foi comentado que em bairros sem nenhuma infra-estrutura, o único sinal de desenvolvimento era uma placa que ostentava o nome da rua e o da multinacional que a patrocinou. “Que tipo de desenvolvimento é esse?”, questiona Gediel.

Moradias

A falta de moradia também foi amplamente discutida, já que é um dos principais fatores que indicam a queda na qualidade de vida. Luíz Herlaim, da Central de Movimentos Populares, afirma que não existe uma política para resolver o problema. Para eles, a Cohab do jeito que está estruturada não dá conta da situação. De acordo com Hilma de Lourdes Santos, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, existem hoje em Curitiba trezentas áreas invadidas e a solução para acabar com isso seria a união do governo estadual, prefeituras e os próprios moradores. Em Mato Grosso do Sul, a idéia já deu certo. O Estado doou os “kits construção”, a prefeitura legalizou os terrenos e as casas foram erguidas em mutirão. Mas Hilma diz que só a moradia não resolve. É necessário acesso a cultura, saúde, lazer e educação.

O resultado das discussões realizadas ontem estará em um documento que será enviado para a Organização da Nações Unidas (ONU).

63 mil na fila da Cohab

Elizangela Wroniski

Em Curitiba e Região Metropolitana existem 63 mil pessoas na fila da Cohab (Companhia de Habitação Popular de Curitiba). Até o fim do ano que vem, 12 mil famílias serão beneficiadas com a aquisição de lotes, que devem ser pagos em prestações que variam entre R$ 80,00 e R$100,00, num prazo de dez anos. A maioria dos loteamentos fica na zona sul da Cidade. O órgão está atendendo quem entrou na fila em 1996.

Para entrar na fila da Cohab é preciso procurar uma rua da cidadania para fazer do cadastro. A renda do casal não deve ultrapassar R$1000,00 e a pessoa também não poder ter imóvel em seu nome. Quem mora em outros municípios da Região Metropolitana pode procurar a prefeitura da sua cidade.

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