A chegada do inverno, geralmente caracterizado pelo clima seco, aumenta o risco de incêndios florestais. Somente em 2001, conforme dados processados pelo Embrapa Monitoramento por Satélite (CNPM), foram registrados 135.246 focos de queimadas em todo o País ? destes, 1.455 só na região Sul.

O Paraná teve uma participação significativa nesse quadro: dos 440 focos registrados no Sul só no mês de agosto, que é um dos meses mais perigosos em função do clima, 367 ocorreram no Paraná. Apesar do risco à natureza e ao próprio ser humano, há pessoas, literalmente, brincando com fogo.

Áreas de risco

No Brasil, as áreas mais atingidas por queimadas estão localizadas no Centro-Oeste e Norte. No Paraná, os focos principais geralmente ocorrem na região Norte e Noroeste, e as florestas com araucária, do Centro e Sul.

Ameaçadas de extinção, as florestas com araucária abrigam o pinheiro, que é o maior símbolo do Paraná. “De acordo com um relatório da Global Review of Forest Fires, da entidade não-governamental WWW (Fundo Mundial para a Natureza), cerca de 80% das florestas brasileiras estão ameaçadas pela ação de queimadas. E no Paraná esse risco é ainda mais crítico, pelo alto grau de desmatamento que vitimou o Estado nos últimos anos”, afirma Clóvis Borges, diretor executivo da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem).

Patrimônio frágil

Ainda segundo ele, o Estado tem apenas 3% de florestas bem conservadas. E esse patrimônio é frágil por representar ilhas em torno da agricultura.

Esse problema crônico no País e, especialmente, no Estado, tem a solução na conscientização da sociedade. Por isso, a SPVS estará, a partir da próxima semana, veiculando em diferentes mídias (comerciais de TV, spots de rádio, anúncios de jornal e revista, cartazes e banners para a internet) uma campanha publicitária de alerta à população. “A campanha usa a comunicação criativa, fazendo com que as pessoas trabalhem a mudança de comportamento”, explica Clóvis.

Segundo ele, as pessoas precisam entender que elas podem perder o controle do fogo, e que o CO2 emitido na atmosfera contribui para elevação da temperatura no planeta.

Conscientização

É importante que o proprietário rural seja ciente do problema e que procure sempre buscar orientações técnica para fazer o manejo da propriedade. Um exemplo clássico é o corte de cana no Norte do Estado, que sempre tem manejo baseado na queima.

Mas para o diretor da SPVS é fundamental também que os municípios, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estejam preparados para proteger a vegetação do fogo. “É preciso mais estrutura, treinamento e equipamentos. Será que o Paraná tem avião de combate a incêndio?”, questiona.

Perdas globais

As pessoas precisam saber que além das perdas locais, como destruição da floresta e da fertilidade do solo, há as perdas globais, refletidas no aumento da temperatura em função das queimadas. Segundo Clóvis, o Brasil é o país que mais contribui para essa elevação da temperatura em função dos incêndios florestais.

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