As ocupações irregulares são uma constante ameaça aos manguezais no litoral do estado. O chefe do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Paranaguá, Lício Domit, avalia que 80% das invasões ocorrem devido a especulação imobiliária e o restante devido a pobreza. Tentando achar uma solução para o problema, a Procuradoria da República promoveu um encontro ontem, com autoridades ligadas ao tema.

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Domit comenta que os manguezais estão sofrendo um constante processo de degradação. É difícil o controle porque os invasores fazem um trabalho de "formiguinha". Geralmente moram em áreas vizinhas e aos poucos vão aterrando o local e construindo suas casas. Alguns passam a morar ali, mas a grande maioria prepara o lote para passar adiante.

O fácil acesso a esses locais é apontado pelo chefe do escritório regional do Ibama como um dos agentes responsáveis pelo problema. Além disso, o abastecimento de energia elétrica e de água acabam avalizando a ocupação irregular, sendo até mais fácil uma futura comercialização do terreno.

Domit comenta que as ocupações causam dois tipos de problemas. Um deles é o fato de as pessoas passarem a viver em locais insalubres, correndo até riscos de contrair doenças. Mas a conta fica mesmo com o meio ambiente. Ele não sabe avaliar quanto de manguezal o litoral já perdeu, mas comenta que a cada dia mais áreas são ocupadas. Explica que esses locais constituem um ecossistema importante para a vida marinha. "É um berçário para diversas espécies", ressalta. Além dos manguezais, Domit apontou outros problemas como as mansões com marinas em área de preservação ambiental e o corte de mata primária. O problema se repete em praticamente todas as cidades e ilhas do litoral. Há ainda muitos casos de pessoas influentes que pressionam os órgãos ambientais para a liberação da ocupação.

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A representante da Advocacia Geral da União, Tânia Patrícia Vaz, também participou do encontro e cobrou uma comunicação mais efetiva do problema. "Na maioria das vezes sabemos do problema só depois que a invasão foi consolidada. Fica mais difícil agir", fala. O representante da Secretaria de Patrimônio Público da União, Dinarte Vaz, salientou que um dos fatores que tem ajudado no aumento das ocupações irregulares é a morosidade da justiça.