O interesse pela carreira de professor nas áreas de Matemática, Química e Física vem caindo nos últimos anos. O reflexo disto já é sentido no mercado. Quem está prestes a se formar já tem emprego garantido. Ou o profissional que já atua em escolas recebe propostas interessantes para trocar de emprego ou permanecer em definitivo em um local. Mesmo com este panorama, ainda falta muito para resgatar a procura pela carreira.

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Uma constatação sobre o pouco interesse pelas licenciaturas (cursos específicos para dar aulas) está na concorrência do concurso vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) deste ano. O curso de licenciatura em Física teve 1,69 candidato por vaga, uma das mais baixas em todo o processo seletivo. Na licenciatura de Química, a concorrência chegou a 3,19 por vaga; em Matemática, 3,09. Neste curso, a disputa já chegou a 8 candidatos por vaga em anos anteriores.

“A falta de professores é um problema que preocupa o futuro da educação como um todo. A carreira do magistério foi perdendo o prestígio social, além da questão do salário e o desgaste do trabalho. É preciso resgatar este prestígio e melhorar as condições de trabalho para ser mais atrativo”, opina Luiz Carlos Paixão da Rocha, diretor estadual de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato).

A rede pública estadual de ensino convive com a escassez de professores de Matemática, Física e Química em algumas regionais, enquanto em outras sobram vagas nestas disciplinas. “Não é pela dificuldade de encontrar. Mas muitos destes professores não se interessam em fazer concurso público ou o Processo Seletivo Simplificado (PSS)”, comenta Arnaldo Moreira Matos, chefe setorial de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Educação (Seed).

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Solução

Em Curitiba, por exemplo, existe esta dificuldade em preencher todas as vagas, principalmente em Química e Física. A solução encontrada pela Seed é chamar profissionais de áreas que tiveram pelo menos 120 horas de formação nestas disciplinas, como um engenheiro químico. Eles podem participar do PSS, mas no momento da seleção têm uma pontuação inferior aos profissionais que possuem a licenciatura.

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“No decorrer do ano, vão esgotando os que possuem licenciatura e vamos chamando estes profissionais com 120 horas”, explica Matos. De acordo com ele, além da pouca valorização do professor, pesam as questões salariais e a violência nas escolas. “Muitos professores passam no concurso e desistem porque não conseguem dar aulas pela falta de disciplina em sala”, declara.