Integrantes do MST ocupam praças de pedágio no Paraná

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou ontem seis praças de pedágio, em diversas regiões do Paraná. A manifestação se estendeu por todo o País, como parte da Jornada Nacional de Luta do MST. Todas as praças foram desocupadas ainda ontem. Os sem terra reivindicavam, além do fim dos pedágios no Estado, o cumprimento da meta, prometida pelo governo federal, de assentar 400 mil famílias até 2006 no Paraná, a mudança de política econômica, os compromissos da marcha de maio, liberação de recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Ministério de Desenvolvimento Agrária e linhas de créditos especiais.

A primeira praça invadida foi a de Cascavel, administrada pela Rodovia das Cataratas, por volta das 7h30. Da mesma concessionária, os manifestantes também interromperam o funcionamento do posto de São Miguel de Iguaçu. Da Viapar, o MST fechou os postos de Arapongas, Mandaguari e Castelo Branco. A concessionária Rodonorte ficou sem o controle da praça em Mauá da Serra. Entre 80 e cem pessoas do MST ficaram em cada um dos locais e permitiram que os motoristas passassem sem pagar o pedágio.

O presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte, atacou o governo do Estado, dizendo que a ocupação "é um movimento orquestrado pelo governador Roberto Requião". No último dia 13, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª região concedeu liminar suspendendo os efeitos da portaria do governo do Paraná, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de 6 setembro, que suspendia a cobrança de pedágio nas cinco praças da Rodovia das Cataratas, na BR-277, entre Guarapuava e Foz do Iguaçu.

Já o presidente da seção do Paraná da ABCR, João Chiminazzo Neto, se disse surpreso com a facilidade com que o MST consegue ocupar as praças. "O MST faz isso pois tem a certeza de que as forças policiais não fazem nada para impedir", disse. Ele afirmou que a ABCR iria entrar com pedido de reintegração de posse, e relatou que a notícia da ocupação "pegou muito mal" no 4.º Congresso Brasileiro de Concessões de Rodovias, do qual participa. "As pessoas não entendem, como em outros estados, a compreensão do poder para com as concessionárias", disse.

No fim da tarde, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divulgou uma nota afirmando que "ao contrário de declarações inverídicas e caluniosas repassadas à imprensa por diretores da ABCR, agiu imediatamente após ser informada da invasão de seis praças de pedágio". A nota afirma que a Comissão de Mediação de Conflitos Agrários da Sesp foi acionada e entrou em contato com a coordenação estadual do MST, que garantiu a retirada dos manifestantes.

A nota afirma que imediatamente após a ocupação, a Polícia Militar foi acionada para que enviasse equipes aos locais com a ordem de garantir a segurança dos motoristas e funcionários que trabalham nas praças. De acordo com o Comando do Policiamento do Interior, o único incidente registrado foi a depredação de câmeras de monitoração de tráfego da praça de pedágio da Rodovia Castelo Branco, na BR-376. 

Movimento realiza ações em todo o País

Sorocaba (AE) – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também desencadeou ontem uma escalada de invasões de fazendas e prédios públicos em todo o País para cobrar a reforma agrária prometida pelo governo Lula. Segundo balanço divulgado pelo movimento, foram invadidos 21 prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), 8 agências do Banco do Brasil e 6 fazendas, além das praças de pedágio. A mobilização envolveu militantes de 19 estados.

Para o MST, o governo não atingirá a meta de assentar 400 mil famílias até 2006, como prometeu. O movimento quer mais agilidade na desapropriação de terras, a vigência dos novos índices de produtividade, mais elevados que os atuais, abertura de novas linhas de crédito para os assentados, distribuição de cestas básicas e a reestruturação do Incra.

Foram invadidas sedes do Incra nos Estados de São Paulo, Ceará, Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Minas Gerais, Santa Catarina, Sergipe, Rio de Janeiro e Pernambuco. A direção nacional do movimento informou que as ações são uma forma de chamar a atenção e protestar contra o não-cumprimento de 7 pontos do acordo assinado no dia 17 de maio, em Brasília, no encerramento da marcha nacional pela reforma agrária.

No Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, cerca de 300 militantes invadiram, de madrugada, a fazenda Ipezal, em Sandovalina. As terras pertencem ao presidente nacional da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia. Os sem terra cortaram a cerca e montaram barracos numa área de pastagem. No início da noite, a Justiça concedeu liminar para o despejo dos invasores.

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