Moradores dos bairros Taboão e Abranches, em Curitiba, estão preocupados com a instalação de uma usina de asfalto na região. Localizada na Rodovia dos Minérios, quase divisa com o município de Almirante Tamandaré, a usina deve resultar em poluição e muito barulho, teme a vizinhança. Um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas foi colhido pela população e entregue ao Ministério Público (MP) para tentar conter a continuidade do empreendimento. Mas, por enquanto, a única garantia que eles têm é por parte da Prefeitura, que atesta estar executando as obras dentro das normas ambientais regidas pelo município, estado e Federação.
O técnico em elevadores Ronald Schulze, que recentemente comprou uma chácara quase ao lado do local onde está sendo instalada a usina, reclama dos problemas que podem ser gerados com a produção de asfalto. ?Aqui em volta existem muitas áreas de preservação ambiental. Além disso, tem o barulho e o mau cheiro gerados por esse tipo de indústria?, afirma.
?Comprei uma propriedade aqui justamente para ter ar puro?, reivindica. O membro da associação de moradores do Taboão, Luiz Monezi, também está descontente com a novidade – ele é um dos moradores que ajudou a organizar o abaixo-assinado. ?Alguns moradores receberam a visita de uma empresa fazendo pesquisa a respeito dessa usina. Antes da instalação, prometeram fazer reunião com os moradores, mas isso não aconteceu?, conta.
Duas semanas depois, era feito o abaixo-assinado e entregue à Promotoria Pública – que prometeu aos moradores o envio de um engenheiro florestal para analisar a área. ?Fizeram uma devastação enorme, não dá para contar o tanto de árvores derrubadas. E ali existem nascentes importantes, o terreno tem grande declividade, não seria um local apropriado para este tipo de empreendimento?, expõe o morador. Segundo Luiz, foram feitas reclamações junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas a única resposta era de que todos os requisitos exigidos para as obras estavam sendo atendidos.
Do outro lado, a assessoria de imprensa da Secretaria de Obras da Prefeitura informa que o poder público ainda não recebeu qualquer notificação por parte da promotoria. Contudo, no que se refere à poluição provocada pela usina, a assessoria alega que, para ser obtida a licença de instalação, foi criada uma comissão de estudo dos impactos ambientais. A permissão só teria sido concedida depois de provado que as obras seguiriam as regulamentações do código ambiental nas esferas municipal, estadual e federal. Além disso, afirma a assessoria, para que comece a operar, ainda será necessário uma licença de funcionamento – a qual só deve ser concedida após uma nova fiscalização, depois de terminadas as obras.
A Prefeitura explica também que, como esse tipo de usina trabalha com produtos pesados, contará com filtros que reduzam a quase zero a emissão de poluentes no ar e sistemas que permitam o aproveitamento de resíduos, reduzindo a destinação dos mesmos ao meio ambiente. Com relação ao barulho, a justificativa é que uma cobertura impedirá a propagação dos ruídos. Mas mesmo assim, as medidas não evitam preocupações. ?Continuamos apreensivos?, reitera Luiz Monezi.