Instalação de UPA no HC vai reforçar a saúde

Depois da crise com a redução de leitos que o Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba sofreu nos últimos anos, a instalação de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na região matriz da cidade, dentro do próprio prédio do HC, reforçará o serviço prestado à população. Com a parceria entre a Secretária Municipal da Saúde e o HC os leitos e camas desocupados finalmente voltarão a ser utilizados.

O décimo andar, que abrigava a Clínica Médica Masculina, receberá vinte novos leitos de observação para atender os pacientes da UPA da matriz que necessitarem do serviço. Segundo o HC, nenhum leito será fechado. De acordo com o hospital, os pacientes que estavam em tratamento nessa ala apenas foram transferidos para o 11.º piso, que dividia o espaço entre a Clínica Médica Feminina e um centro de pesquisa de tratamento com remédios.

Com a criação da UPA da Matriz, cerca de 70 funcionários serão redirecionados para o prédio central. Esse serviço será absorvido pela nova UPA, que tem a previsão de estar pronta já em março. Com isso, a estimativa é de que sejam disponibilizados vinte novos leitos. “A estratégia é que com esses leitos de retaguarda, juntamente com o reforço com a criação UPA, a grande demanda que essa região possui possa ser suprida”, explica o superintendente de gestão de Atenção à Saúde, Alan Cesar Diorio.

De acordo com o superintendente, a instalação da UPA da Matriz já estava dentro dos planos da prefeitura. “Já havia um plano de disponibilizar esse serviço das UPAs na região central, pois apenas os bairros possuíam esse atendimento. Decidimos unir esforços com o HC para manter aberto o campo para estágio dentro desse espaço destinado para instalação da UPA e ampliar o alcance dos serviços de assistência à saúde”, diz.

Crise de leitos continua

A precarização no serviço do HC teve inicio há dez anos. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público (Sinditest), o último concurso aberto para suprir os cargos vagos foi em 2004. Durante esses dez anos, mais de 500 funcionários deixaram seus cargos e nenhum deles teve reposição.

A situação teria ficado ainda pior em 2011, quando o governo federal passou a exigir de todos os hospitais universitários a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Com isso, a administração do HC não ficaria mais sob a responsabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Contrário à proposta, o Conselho Universitário decidiu, em 2012, que a administração do HC deveria permanecer a cargo da universidade.

Com isso, apenas no ano passado, 94 leitos foram fechados em função da falta de funcionários. Desses leitos, 44 foram reativados em dezembro do ano passado graças a uma readequação de escalas de trabalho e devido a um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho que permitiu ao HC voltar a realizar horas extras. Segundo o HC, a principal causa para o fechamento dos 94 leitos em outubro de 2013 foi a determinação do MPT para o HC deixar de realizar horas extras que extrapolem o intervalo para descanso.

No início de dezembro, o Ministério Público Federal (MPF) exigiu que a universidade solicite à Ebserh a realização de estudos para dimensionar em que áreas o HC tem carência de pessoal. A medida servirá para o MPF saber o que falta para que os 560 leitos do hospital possam ser utilizados.

A solicitação já foi feita pela reitoria. O MPF aguarda a avaliação da Ebserh para decidir que ações serão tomadas para que a carência de pessoal no HC acabe. Atualmente menos de 400 leitos estão disponíveis.

Sindicatos são contra adesão à Ebserh

Ciciro Back
Novo sistema seria uma maneira de privatizar os hospitais.

Em apoio à decisão da reitoria, o Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) e o Sindetest defendem que o HC deva permanecer sob a administração da UFPR. Os sindicatos criticam a adesão ao novo sistema e dizem que a mudança não passa de uma medida para privatizar os hospitais universitários.

“Não estamos falando apenas da estrutura. É todo o conhecimento desenvolvido durante anos de pesquisas, que ajudaram a tornar o HC uma referência internacional em transplantes de medula óssea, que estaria sendo transferido a uma empresa privada”, defende o presidente do Simepar, Mário Antônio Ferrari.

Ele lembra que hospitais em outros estados também rejeitaram a proposta. “O caso mais grave foi no Rio de Janeiro, onde oito hospitais pararam”, conta.

Os sindicatos acreditam que a imposição para a adesão à Ebserh afeta a população. “Atualmente no HC faltam de cerca de 600 funcionários. Por mais que a demanda de trabalho tenha aumentado com essa baixa, quando o horário de trabalho de um funcionário termina ele pode ir para casa. Agora, a pessoa que está doente não tem para onde ir”, afirma o diretor do Sinditest, Márcio Palmares.

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