Foto: Lucimar do Carmo |
Grupo Interlux utilizou espaço ocioso para realizar obra de arte. continua após a publicidade |
Quem passa pela esquina das ruas Nicolau Maeder e Augusto Severo, no bairro Alto da Glória, em Curitiba, se deparou com um teclado, um ventilador e outros objetos pregados nos tapumes de uma construção abandonada. Eles fazem parte de uma obra de arte, que surpreendeu muitos moradores e comerciantes da região. E a arte ali tem como objetivo provocar o questionamento das pessoas e estimular a expressão de cada uma.
Um grupo de cerca de vinte pessoas – chamado de Interlux – revitalizou o espaço ocioso há quase duas semanas. O grupo queria dar novo significado ao local, novo sentido para um lugar que há muito tempo está abandonado e que já não chamava mais a atenção. A rua também pode deixar de ser apenas um espaço para o descolamento dos habitantes de uma cidade. Pode se tornar uma ferramenta de expressão.
Nos tapumes foram feitas colagens, pinturas e a colocação de objetos. O ponto crucial da reunião era a assemblage, uma obra tridimensional, figurativa ou não, que reúne objetos e outros materiais. O propósito é romper com as técnicas tradicionais da arte. Os materiais utilizados foram o resultado da limpeza de um ateliê que fica próximo ao local, segundo Juan Parada, um dos participantes do projeto. ?Além de dar um novo significado ao espaço, houve a mudança de significado dos objetos colocados lá. Tudo foi feito com um propósito. As pessoas não podem pensar que estão lá sem qualquer objetivo?, explica.
Quem observa o trabalho, percebe que há questionamentos sobre diversos aspectos da sociedade atual, como o consumismo. ?A obra questiona todo o conjunto de alienação a que estamos sendo submetidos, todos os dias. A arte e a filosofia despertam as pessoas a saírem do estado de dormência?, comenta Goura, outro participante do trabalho.
Enquanto o grupo fazia as pinturas e as colagens, quem passava pela rua tentava entender o que estava acontecendo. Como na esquina existe um semáforo, as pessoas que estavam dentro de carros e ônibus puderam observar a realização do trabalho. ?Teve gente que fazia manifestações de dentro do ônibus. As pessoas tinham um olhar surpreso. Cada um sofreu um impacto diferente?, explica Cláudio Celestino, outro participante. O grupo freqüentemente faz este tipo de ação, em diversos pontos da cidade.