Durante a temporada de verão, em que muitas pessoas costumam viajar de ônibus para o litoral e outras regiões, os arredores da Rodoferroviária de Curitiba se tornam freqüentes pontos de ação de bandidos. Principalmente nos finais de semana, em que a quantidade de embarques e desembarques costuma ser mais expressiva, quem passa pelas proximidades do lugar deve tomar cuidados redobrados com bolsas, carteiras, celulares e outros objetos.
Segundo o cobrador de ônibus Clodinaldo Martins Galvão, que há oito meses trabalha em um tubo de Ligeirinho na Avenida Presidente Affonso Camargo, os assaltos a pedestres que transitam pela região costumam acontecer todos os dias. Porém, a situação é mais crítica de quinta-feira a domingo, com ocorrências a qualquer horário do dia ou da noite.
"Fico todos os dias, das 5h30 às 11h, no tubo e observo muita coisa. Os bandidos abordam os pedestres para pedir dinheiro e quando as pessoas param, dão o bote, levando bolsas e carteiras", comenta. "As principais vítimas costumam ser mulheres. Hoje (ontem) mesmo vi uma senhora sendo assaltada, por volta das 6h. Os bandidos a empurraram e tentaram levar sua bolsa, mas ela foi socorrida por outros pedestres."
O funcionário de uma loja de bolsas localizada ao lado da Rodoferroviária, Joventino Pereira de Souza, acredita que a situação é crítica e influencia de forma negativa o comércio na região. "A grande incidência de furtos e roubos faz com que as pessoas tenham medo de circular nas imediações da rodoviária, o que prejudica os comerciantes", diz. "As reclamações relativas à violência são constantes. Na loja em que trabalho, já entraram diversas pessoas pedindo ajuda e dizendo que foram assaltadas."
O medo também atinge os taxistas que trabalham na Rodoferroviária. Orides dos Santos, que há vinte anos fica parado com seu táxi à espera de clientes no local, revela que, em dias de muito movimento, os bandidos se misturam aos viajantes e se fazem passar por passageiros comuns. "Há algumas semanas, dois rapazes, fingindo estar voltando de viagem, entraram no meu carro e pediram para ser levados a determinado endereço. Quando chegamos nas proximidades da Vila Torres, eles sacaram um revólver e me assaltaram. Os bandidos são tão safados, que chegam a carregar malas e mochilas como disfarce."
Na opinião dos entrevistados, falta policiamento mais intensivo na região. "As viaturas de polícia circulam pelos arredores da Rodoferroviária, mas parece que os policiais nunca vêem nada. Geralmente, quando eles chegam, o assalto já aconteceu e os bandidos já foram embora. Acredito que a polícia deveria conversar mais com as pessoas que circulam com freqüência ou trabalham perto do local para, de fato, saber o que está acontecendo", afirma Clodinaldo.
Policiamento
De acordo com o major Douglas Sabatini Dabul, da seção de planejamento do Comando de Policiamento da Capital, na região da Rodoferroviária atuam de forma permanente policiais com viaturas, a pé e velados. Em dias de grande movimento, é reforçado o policiamento constante, pois "quando há um maior número de pessoas circulando, os riscos são maiores". O major esclarece que, devido a estratégias de segurança, não é possível divulgar o número de ocorrências registradas nas proximidades da Rodoferroviária nos últimos meses.
