Moradores dos arredores da favela do Parolin, em Curitiba, reclamam da falta de segurança na região. Eles dizem que furtos e roubos ocorrem com freqüência no local, e as pessoas acabam tendo que ficar enclausuradas em casa porque a Rua Brigadeiro Franco é bastante freqüentada por prostitutas, até mesmo durante o dia. As casas das ruas próximas à ocupação parecem verdadeiras prisões, com grades, cercas elétricas e alarmes.
A comerciante Juraci Schimidtti, que mora há um ano na Rua Acácio Correia, há duas quadras da favela, conta que já sofreu vários furtos dentro de casa. Em uma das situações, um rapaz pulou as grades e roubou sua bolsa. Em outra ocasião, bandidos pularam o portão e furtaram a carteira de seu marido, que estava dentro do carro estacionado no pátio da residência. ?Mas o que incomoda muito é essa casa abandonada aqui do lado, que virou ponto de uso de drogas, e as meninas que se prostituem na Brigadeiro Franco. E o pior é que elas dão cobertura pra quem rouba?, reclama.
Outro morador das proximidades do Parolin, que preferiu não se identificar, contou que teve que colocar alarme e cerca elétrica depois de uma tentativa de arrombamento da sua casa. Seus avós, que moram ao lado, tomaram a mesma atitude para se prevenir. ?Já entraram aqui no quintal e levaram o som do meu carro. Aqui não dá para ficar na frente de casa, é muito perigoso porque moramos próximo da favela. Se a gente sai e vê alguém andando na rua, voltamos e esperamos a pessoa ir embora?, afirmou. Funcionários de uma farmácia, que também preferiram não se identificar, disseram que tomam todas as precauções possíveis quando saem do estabelecimento. ?A gente procura sempre andar com uma companhia e não levar bolsa?, comenta uma das funcionárias. Um morador da região que procurou a reportagem de O Estado disse que não consegue vender seu imóvel por conta da desvalorização da região.
O presidente da Associação de Moradores do Parolin, Edson Rodrigues, reconhece o problema dos moradores do entorno, mas afirma que o bairro não é formado apenas por bandidos e que os moradores de bem acabam não tendo oportunidades por conta do preconceito. ?Aqui tem muita gente boa, muito trabalhador. O problema é que a sociedade não nos dá apoio. A gente não precisa só de polícia, de esmola. Precisamos de pessoas que nos dêem oportunidade, que financiem nossos projetos. As pessoas de bem procuram emprego fora da favela e não conseguem, simplesmente porque moram no Parolin?, analisa.
Realocação pode reduzir criminalidade
Foto: Ciciro Back |
Edson: ?Vários projetos?. |
O Parolin é uma das ocupações mais antigas de Curitiba, com mais de 50 anos. Segundo a Prefeitura de Curitiba, no local vivem cerca de 1,5 mil famílias. Ainda neste ano, a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) deve retirar as famílias que estão na beira do rio com a construção de 700 casas. Algumas ruas da região devem ganhar asfalto também. No ano passado, pelo menos 20 mortes violentas ocorreram no Parolin.
O presidente da Cohab, Mounir Chaowiche, diz que a realocação dos moradores do local deve diminuir a criminalidade na região. ?Quando atuamos nessas áreas, há significativa redução da criminalidade, porque conseqüentemente geramos mais emprego e renda, e os jovens também recebem trabalho, esporte e educação?, comenta. O presidente da Associação de Moradores do Parolin, Edson Rodrigues, diz que projetos de escolinha de futebol e informática são desenvolvidos com as crianças do bairro, mas a ?concorrência? com o tráfico é grande. ?Aqui, quando a criança perde o pai ela fica à mercê dos traficantes. Se você não ocupar essas crianças, não tem jeito. Atingimos cerca de 100 delas, mas temos muito mais. Precisamos separar os bons dos ruins e dar oportunidade. Hoje o herói de uma criança daqui é o Beira Mar?, diz ele.
O chefe da Seção de Planejamento do Comando de Policiamento da Capital (CPC), major Douglas Dabul, explica que várias operações são realizadas no bairro Parolin, incluindo blitz de trânsito, que segundo ele, também ajudam no combate à criminalidade. O major diz que o papel da polícia é feito, mas acabar com os problemas não é nada fácil. ?Muitas vezes a rotatividade e a concordância das pessoas dificultam o trabalho da polícia?, comenta.
Com relação às drogas, furtos e roubos, o policial explica que o flagrante não é difícil, em função dos produtos da ação ilícita. Porém, a questão da prostituição é um pouco mais complicada de resolver. ?Quando a viatura passa, vemos o adolescente apenas circulando. Aí não temos a caracterização do delito. Mas quando a PM vê o fato, pode fazer a abordagem?, explica. O major lembra ainda que a origem de muitos delitos está nas drogas. Por isso, ele diz ainda que é importante que a polícia sempre faça denúncias por meio do telefone 181.