Parte dos estudantes do campus Prado Velho da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba, já teve seus pertences levados em assaltos e roubos nas proximidades da universidade, principalmente em pontos de ônibus. A situação é preocupante, segundo os alunos.
Ana Cristina Roble Knechtel, aluna do curso de Direito, conta que sofreu uma tentativa de assalto na frente de um dos portões do estacionamento do campus, na Rua Imaculada Conceição, no final da manhã.
A pé, ela optou por esta saída para ir até um ponto de ônibus, e foi abordada por um rapaz, que pediu dinheiro. Mesmo recebendo respostas negativas, ele insistiu.
"Então ele falou para parar e passar todo o dinheiro que eu tinha. Ele estava com a mão dentro do casaco e não dava para saber se estava com uma arma ou não. Saí correndo. Uma menina que estava ao meu lado não teve a mesma sorte e abriu a bolsa para tirar o que tinha. O ladrão ainda a ajudou, segurando uma pasta da faculdade, enquanto ela abria a bolsa", afirma.
Ana sentiu muito medo. |
Dias depois, o mesmo aconteceu com uma amiga de Ana Cristina, que teve seus pertences levados na hora do almoço.
A história vivida pela estudante de Direito também aconteceu com Letícia Leite, aluna do curso de Jornalismo da PUCPR. Há duas semanas, ela estava chegando a pé em frente ao portão principal da universidade, quando foi abordada por um homem que pedia dinheiro. Quando viu que não ia conseguir o dinheiro facilmente, ele tirou uma faca e puxou a bolsa de Letícia. Ela se desvencilhou e entrou correndo no campus. "Só fiz isso porque estava próxima do portão da PUC. A gente ouve constantemente relatos de estudantes que foram assaltados perto do campus. Alguns colegas meus pegam carona até o ponto de ônibus em frente ao Teatro Paiol, distante quatro quadras, porque já foram assaltados no trajeto entre a PUC e o ponto de ônibus. De noite, falta iluminação na área, o que torna tudo ainda mais perigoso", comenta. Após o episódio, Letícia ficou receosa e mudou a sua rotina. Para pegar ônibus, por exemplo, ela espera dentro da PUCPR e, quando o veículo chega, sai correndo até o ponto.
DCE vai promover fórum de discussão sobre o problema
Por causa dos relatos constantes, o DCE decidiu promover um fórum para discutir segurança pública e os problemas ao redor da universidade. O evento acontece no dia 18, no Teatro Tuca, dentro da própria PUCPR, e é aberto a toda a comunidade.
Na ocasião, será apresentada uma pesquisa feita com os estudantes que apontou a segurança como um dos itens mais problemáticos para quem estuda na universidade.
"Nós queremos chegar a metas neste fórum para tentar mudar este quadro. Queremos escutar e propor algumas coisas, como a possibilidade de colocar pontos de ônibus dentro do campus, a exemplo do que acontece no Centro Politécnico (campus da Universidade Federal do Paraná). Sabemos que esta não é uma questão apenas de policiamento. É um problema social", indica o presidente do DCE, Jonny Stica.
O professor Ricardo Tescarolo, pró-reitor comunitário da PUCPR, diz que a entidade apoia o fórum, pois se preocupa com a segurança dos alunos. "Dentro do âmbito privado nós fazemos a nossa parte com segurança reforçada. Porém não temos o poder de polícia para trabalhar nos arredores da universidade", diz. Mesmo assim, ele assegura que a pró-reitoria mantém contato constante com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, cobrando ações efetivas da Polícia Militar. "É uma questão de segurança pública, que compete à atuação do poder público. Daí a importância da participação das polícias militar e civil, de associações ligadas à política contra a violência e de representantes do poder público", explica. (JC)
Polícia realiza constantes operações no período de aulas
O major Douglas Dabul, da seção de planejamento do Comando da Capital da Polícia Militar (PM), cita que o órgão tem consciência do problema, tanto que mantém uma viatura permanente na esquina da Avenida das Torres com a Rua Guabirotuba, que passa por meio da Favela das Torres e ao lado da universidade. Também existe um posto policial nesta rua. Além disso, a PM faz constantes operações na região.
Ele defende que os estudantes mudem seus comportamentos para que os índices de assaltos e roubos diminuam. Andar sempre em grupo, não deixar à mostra objetos de valor, não colocar a bolsa em cima do banco do carro e procurar sair nos horários mais movimentados são algumas dicas para se alcançar isto. "Mudando um pouco o comportamento, será possível reduzir as oportunidades, o que inibe as ações. É essencial a integração entre as operações da Polícia Militar e a mudança de hábitos dos estudantes", declara Dabul.
O major lembra que a 2ª Companhia do 13º Batalhão da PM fez trabalhos de orientação, com entrega de cartilhas, para as pessoas que passam pela Rua Guabirotuba. (JC)