A poluição gerada pelas indústrias de cal, presentes em grande quantidade nos municípios da Região Metropolitana de Curitiba, vem causando incômodo à população. O problema não é recente e, embora as empresas procurem se adaptar às normas ambientais que vigoram para o setor, continua a existir.
“A quantidade de pó gerada pela empresa é imensa. Quando o vento sopra em direção à minha casa, fica tudo branco, desde o telhado até a calçada, os móveis e as roupas. Respiramos as partículas o dia inteiro e estamos sempre espirrando e com o nariz coçando. Me preocupo principalmente com a saúde de meu filho, que tem cinco anos e já teve alergias de pele”, diz a dona de casa Elizângela Aparecida dos Santos, que mora no bairro São João, a poucos metros de uma indústria de cal localizada no município de Itaperuçu.
O secretário executivo da Associação dos Produtores de Derivados de Calcário e do Sindicato da Cal do Paraná, Fábio Pini, explica que a indústria da cal pode gerar poluição em seis momentos: quando joga a pedra de calcário na boca do forno, liberando poeira; quando realiza a queima da pedra, liberando gás carbônico da madeira utilizada; quando faz a coleta da pedra de cal no forno e a joga no pátio para secar; quando transporta a pedra de cal e a joga no moinho; após a pedra ser moída, no momento de ensacar; e na hora do carregamento de caminhões com o produto.
“Para cada um desses momentos de impacto estão sendo buscadas soluções diferentes. A associação representa 25 empresas. Sete delas já pavimentaram seus pátios e as demais os estão umidificando, com o objetivo de que não seja levantado pó. Quinze empresas estão com cortina vegetal (árvores que evitam que o pó se espalhe na atmosfera) implantada e as demais, em processo de implantação. Além disso, todas estão com seus ambientes de hidratação fechados e trabalhando em prol do asfaltamento das estradas próximas aos locais onde estão instaladas”, diz.
Pini conta ainda que as empresas estudam formas de evitar poluição nos momentos de carga e descarga e que, no próximo dia 25, diversos representantes do setor vão para a China conhecer o que há de novo em relação a equipamentos de controle de poluição.
Interdição
No primeiro semestre do ano passado, três empresas presentes em Colombo foram interditadas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Segundo o agente fiscal do órgão, Paulo Kurzlop, responsável pelos trabalhos realizados em Colombo, Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul, são feitos monitoramentos constantes nas empresas.
“No meu setor, atuamos com foco maior em Colombo, onde diversas empresas estão instaladas em áreas urbanas. Percebemos que, de alguns meses para cá, a qualidade do ar nas proximidades das empresas tem melhorado, o que indica que os responsáveis estão se esforçando para reduzir a poluição”, comenta. “Quando uma indústria é encontrada em situação irregular, passa por processo de intervenção, é multada e obrigada a apresentar um projeto de adequação ambiental. Caso este não seja apresentado em tempo, a empresa é embargada.”
Segundo o médico pneumologista Jonatas Reichert, o pó de cal é muito fino e, por isso, bastante prejudicial ao pulmão. Além de causar irritação e ressecamento da pele, dependendo da sensibilidade de cada pessoa, pode causar lesão e descamação da mucosa nasal, rinite, pneumonite, fibrose pulmonar e pneumoconiose (doença respiratória provocada pela inalação de pó).