Indústrias brasileiras só tratam 28% dos resíduos

No Brasil, apenas 28% dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais produzidos anualmente recebem tratamento adequado. O restante, 72%, tem uma destinação inadequada ? como lixões a céu aberto ? e acabam contaminando o solo e o lençol freático. A informação foi divulgada ontem, durante um evento promovido sobre o assunto pela Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (Abetre), na sede da Fiep, em Curitiba.

Os resíduos que mais preocupam os especialistas são os produzidos pelas indústrias química, petroquímica, siderúrgica e automobilística. Geralmente, elas geram produtos mais complicados de serem tratados, como metais pesados. Além de poderem contaminar o solo e a água, estes produtos geram riscos à saúde do ser humano. “Os metais pesados podem, por exemplo, gerar vários tipos de câncer”, alerta o presidente da Abetre, Carlos Roberto Fernandes. “Sendo assim, o tratamento dos resíduos industriais não é apenas uma preocupação ambiental, mas também de saúde pública.”

Na opinião dele, a solução para o problema é a conscientização dos empresários sobre a importância de tratarem seus resíduos e a criação de um instrumento que viabilize o tratamento de passivos ambientais do passado, cujas indústrias responsáveis já não existem mais. “Observamos que a grande maioria dos grandes empresários já está consciente dos problemas gerados”, revela. “Geralmente, os pequenos e médios são os que mais poluem.” Fernandes defende uma forma de viabilizar a recuperação das áreas já afetadas. A ação dos resíduos industriais vai se agravando a medida que o tempo vai passando.

As prefeituras também deveriam ser melhor informadas sobre os perigos da disposição de resíduos industriais nos aterros sanitários municipais, não preparados para receber metais pesados. Segundo o presidente da Abetre, deve controle total desde a geração do resíduo até o transporte, o tratamento e a disposição final.

Carlos Alberto Fernandes, assim como outros especialistas, torce para que seja criada uma nova Lei Nacional de Resíduos Sólidos, para regulamentar o tratamento e definir o papel de cada participante do processo. Atualmente, estão no Congresso oitenta projetos de tratamento de resíduos sólidos cujas partes podem vir a compor a nova lei.

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