O coordenador da União das Entidades Ambientais do Paraná (Uneap), Pedro Rodrigues, denunciou ontem que cerca de 20 índios guarani-guaraguaçu que vivem em uma área da Prefeitura Municipal de Pontal do Paraná, estariam em completo abandono por parte do Poder Público. O ambientalista esteve na aldeia no último domingo e afirmou que os índios, instalados na área do maior sambaqui remanescente da cultura guarani, estão bebendo água contaminada, não possuem saneamento básico, não têm assistência à saúde e muitos apresentam sintomas de desnutrição.

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?Nosso receio é que aconteça uma tragédia semelhante à ocorrida nas reservas do Mato Grosso?, diz Rodrigues. Segundo ele, oito crianças fazem parte do grupo. Rodrigues explica que o alimento para a aldeia vem de cestas básicas fornecidas pela Prefeitura, mas que não são suficientes. O problema maior, segundo ele, é que os índios esperam a chegada de mais famílias oriundas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. ?Muitos migram por causa da pressão que sofrem em seus estados?, diz.

O assessor especial para Assuntos Indígenas da Secretaria de Estado de Assuntos Estratégicos, Edívio Batistelli, minimizou a gravidade da situação. ?Nosso órgão, juntamente com a Funai e a Funasa, monitora a aldeia. Não há risco de ocorrer uma tragédia com a do Mato Grosso?, afirmou. Batistelli afirma que existe preocupação com a situação desses índios, mas que o Estado aguarda a definição da criação de área demarcada para poder agir de maneira mais contundente. ?Ai poderemos dar condições para o estabelecimento definitivo deles no local, como a construção de casas e saneamento?, explica.

A criação da reserva faz parte do plano diretor de Pontal do Paraná, criado na gestão passada, mas que aguarda prosseguimento. De acordo com o assessor, a área não seria a mais indicada para a criação da aldeia, já que o solo no local é arenoso, inviabilizando a agricultura. ?Eles resolveram se estabelecer por causa das raízes culturais com o local, representada pelo sambaqui e por uma cemitério que fica na região?, diz.

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