Índios tomam prédio da Funasa em Curitiba

Cerca de 50 índios de várias tribos do Estado tomaram no fim da tarde de ontem o prédio onde funciona a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no centro de Curitiba, exigindo a liberação de R$ 826 mil que estão atrasados há quatro meses.

Devido à falta de recursos, as aldeias estão sem atendimento médico, remédios e transporte. Eles prometeram não deixar os funcionários saírem do prédio até que recebessem uma resposta de Brasília. Até as 20h30 de ontem, o impasse permanecia.

Há quatro meses os recursos do governo federal para o pagamento dos serviços de saúde indígena não são depositados. O presidente do Conselho Indígena Distrital do Paraná, Mário Renato de Moraes, diz que desde janeiro vinha tentando negociar a liberação do dinheiro, sem resultado. No dia 8 de maio, enviou um ofício informando sobre os problemas nas aldeias.

A resposta foi que o recurso não havia sido liberado porque a Controladoria-Geral da União (CGU) estava analisando os documentos do convênio com a organização não-governamental (ONG) Associação de Defesa do Meio Ambiente Reimer, responsável pelo serviço e aplicação dos recursos.

Chegaram a ir até Brasília e receberam a resposta de que o dinheiro seria liberado no último dia 20, o que não ocorreu. O conselho decidiu, então, informar a situação às lideranças indígenas, que resolveram tomar o prédio da Funasa.

?Tomamos o prédio porque não adianta sentar aqui e negociar. Eles (em Brasília) têm que resolver essa situação. Enquanto não tivermos uma resposta, ninguém sairá daqui?, avisou o cacique da aldeia Terra Indígena Boa Vista, em Laranjeiras, Neoli Cafy Rique Olíbio.

Além dos recursos para o pagamento de médicos, o convênio que garantia o transporte em todas as aldeias terminou e não foi restabelecido. No Paraná, a Funasa dispõe de apenas cinco veículos para serem usados pelos índios. ?Temos 50 aldeias e 45 vão ficar sem o transporte. Os hospitais e postos de saúde são muito longe?, disse o cacique Márcio Lourenço Barakjuy, da Tribo Terra Laranjinha, município de Santa Amélia.

Os índios foram recebidos pelo coordenador regional da Funasa em Curitiba, Vinícius Reali Paraná. Ele disse que entrou em contato com a Funasa em Brasília e a instituição pediu um prazo de 48 horas para apresentar uma solução. No entanto, os índios disseram que não permitiriam a saída dos funcionários do prédio.

Alguns chegaram a fugir por uma janela que dava acesso à rua. Mas a maioria ficou presa. Além dos servidores da Funasa, que são cerca de 80, também trabalham no prédio servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e do Ministério da Saúde. Os índios também denunciaram a situação ao Ministério Público Federal.

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