Professores e representantes das tribos indígenas do Paraná foram homenageados pelos 30 anos do ensino bilingüe indígena no Brasil, ontem, às 14h, no Auditório Brasílio Itiberê, na Secretária de Estado da Cultura em Curitiba. As homenagens estão sendo feitas em todo o País, tendo a língua caingangue, presente no Paraná, como um marco histórico da língua escrita e falada.
Na ocasião foi lançado, em comemoração, o dicionário gramatical caingangue, escrito pela doutora em Lingüítisca Úrsula Wiessman. A alemã Úrsula estuda as línguas indígenas brasileiras há 20 anos. Ela também trabalhou na África.
Com o estudo dos sons da língua caingangue, ela conseguiu montar a escrita para um povo que não sabia ler nem escrever. O trabalho foi colocado em cartilhas e distribuído para as escolas bilíngües do Sul do País. Com estes estudos, a professora montou o dicionário que conta com frases, ilustrações e histórias em desenhos caingangue. O dicionário é de circulação restrita somente para escolas bilingües e bibliotecas especializadas. Por seu trabalho, Úrsula é considerada a “mãe da língua escrita caingangue”.
Participaram do evento, Edivio Batistelli, representante dos assuntos indígenas do governo do Estado, Derli Cardoso Fiusa, da Funai, e vários integrantes das três etnias indígenas no Paraná, caingangue, guarani e xetá. Os xetás são os únicos genuinamente paranaenses. Como não chegaram a uma escrita, hoje falam a mesma língua dos caingangues. São somente nove os xetás remanescentes.
Também no evento, o índio caingangue Sauri, que, segundo a assessora de imprensa Ceres Avelar, do governo do Estado, é um dos dois índios graduados no Ensino Superior no Brasil. Sauri é formado em Filosofia, com pós-graduação em Educação.
Entre os homenageados estavam quatro índios caingangues que se formaram na primeira turma do Curso Normal Bilingüe, do Centro de Treinamento Profissional Clara Camarão, em dezembro de 1971, na Área Indígena Guarita, no Rio Grande do Sul: Jorge Bandeira dos Santos, Juraci Andila Inácio, Caesarina Cândido e Maira Virgínia Honório. Onze mil índios vivem atualmente no Paraná.
