Índios reagem à desocupação no Parque Nacional do Iguaçu

Há pouco mais de dois meses e meio acampados no Parque Nacional do Iguaçu, os 55 índios avás-guaranis provenientes da reserva do Ocoí, em São Miguel do Iguaçu, deixaram o local ontem sob intervenção das polícias Federal, Florestal e Militar. Os índios haviam sido intimados pela Justiça Federal a sair do parque no último dia 3, quando o juiz da 2.ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, Rony Ferreira, acatou o pedido de reintegração de posse das terras por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama). A polícia teve de intervir na desocupação e, após a retirada, os índios atacaram policiais. Três agentes federais saíram feridos, um deles com uma flechada no pescoço.

Os 96 policiais mobilizados para cumprir o mandato de reintegração de posse chegaram ao parque por volta das 7h30 de ontem. De acordo com informações da Polícia Federal de Foz, os agentes esclareceram aos indígenas a necessidade de deixar a área e tentaram uma saída pacífica. O cacique Simão Tupã Retão Vilialva não estava no local quando da chegada da polícia e havia dificuldade para um acordo com a tribo, que queria a presença do cacique para decidir se sairia ou não do parque.

As doze barracas de lona onde os avás-guaranis estavam instalados desde setembro foram desmontadas com ajuda de funcionários do Ibama e sob supervisão da polícia. Depois disso, informou a Polícia Federal, cerca de 30 índios, entre homens, mulheres e crianças, reuniram-se com o pajé e resolveram deixar o parque. Em um ônibus fretado, eles tiveram de voltar para a reserva do Ocoí – de onde saíram por causa do pouco espaço para a prática de agricultura de subsistência da tribo. A polícia afirma que, ao chegarem, o cacique Simão – que no momento já estava com os índios – tentou tirar a arma de um dos policiais federais. Foi quando cerca de cem índios teriam vindo para cima da equipe.

Durante o confronto, três policiais se feriram, um com uma flechada na parte de trás do pescoço, outro com uma pedrada no rosto e o terceiro com um ataque de tacape, revelou a Polícia Federal. Eles foram atendidos na Casa Hospitalar de Foz do Iguaçu e, na tarde de ontem, já haviam recebido alta médica. Ainda de acordo com a polícia, os índios retiveram o ônibus, locado pelo Ibama, na aldeia após terem desistido de ficar com o motorista como refém, convencidos pela polícia de não fazê-lo. A polícia garante que nenhum indígena saiu ferido.

Funai

A assessoria de imprensa do Ibama afirma que não havia representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) durante a retirada dos índios e que os mesmos pediram à polícia para que fossem levados até a regional da fundação, em Guarapuava, para protestar contra o descaso da entidade na obtenção de terras suficientes para abrigá-los. A assessoria de imprensa da Funai, em Brasília, informou que não tinha elementos suficientes para comentar o confronto, mas confirmou que os índios reagiram à ação policial no momento em que chegaram à aldeia. Em relação ao destino dos avás-guaranis, a Funai atesta que não tem recursos para adquirir novas terras para a tribo, mas garante que vem buscando apoio do governo para esse fim. A reportagem tentou contatar o cacique Simão Tupã e o administrador da Funai em Guarapuava, Giancarlo Guimarães, mas não obteve sucesso. 

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