Acampamento indígena

Índios ocupam terreno ao lado da Rodoviária

Cerca de 25 índios da tribo Caingangue estão acampados às margens do Rio Belém, nas proximidades da esquina da Avenida Affonso Camargo e da Rua Mariano Torres. Os indígenas são de uma aldeia localizada na comunidade de Rio das Cobras, no munícipio de Nova Laranjeiras, na região Centro-Sul do Estado, e chegaram à capital no dia 20 de dezembro do ano passado, com o objetivo de obter renda extra com a venda dos artesanatos.

O acampamento está localizado entre os terrenos da Rodoferroviária e da ALL Logística. A reportagem da Tribuna esteve no local e constatou que a estrutura utilizada pelos índios é precária, com barracas feitas de lonas plásticas e pedaços velhos de madeira. Além disso, a maioria do grupo é formada por mulheres e crianças, que são responsáveis por fazer o artesanato vendido nas ruas da capital. Entre os objetos comercializados estão cestas feitas com palha e taquaras secas, que são vendidas na região central de Curitiba e em algumas feiras livres da cidade.

De acordo com uma indígena, que topou conversar com a reportagem, a situação vivida pelo grupo acampado no centro de Curitiba é costumeira para os índios. Ela disse também que não há sensação de insegurança. “Aqui conseguimos vender mais do que lá na nossa terra”, disse a índia, que preferiu não revelar seu nome à reportagem.

Política

Segundo o técnico da coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Curitiba, Edívio Battistelli, o órgão conhece a situação dos índios. “Lá na região deles, os índios não conseguem mais vender nada e eles acabam vindo para grandes centros urbanos. É uma situação rotineira, principalmente nesta época do ano, mas sabemos que há muitas crianças e mulheres e elas não estão em um ambiente saudável e seguro”, afirma.

Battistelli reconhece que a situação das acomodações dos indígenas na capital é precária e afirma que a Funai briga há anos pela criação de um espaço específico para receber os índios que veem à Curitiba para vender. “Temos um terreno na Vila Izabel onde pode se construir um abrigo definitivo. Além disso, temos conversado com vários órgãos, com a prefeitura e com o governo para resolver essa situação, que é perigosa, pois eles estão em um ambiente hostil. Isso depende muito da administração municipal. Mas falta vontade política e essa decisão é extremamente política”, alega.

Discussão

A Fundação de Ação Social (FAS) informou que tem participado de reuniões promovidas pelo Ministério Público do Paraná, por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Direitos Humanos – Área das Comunidades Indígenas, juntamente com outras instituições do poder público, para discutir ações integradas para a questão. A FAS ainda ressalta que o órgão competente para liderar qualquer ação pública relacionada à questão indígena no território nacional é a Funai. A nota ainda diz que, considerando que tais grupos de indígenas que se encontram em Curitiba não são habitantes ou nativos, mas estão de passagem pela cidade, a FAS entende que a responsabilidade pelo atendimento social a essa população não é exclusiva do município de Curitiba, mas deve ser compartilhada pelos demais órgãos públicos.

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