Cerca de cem índios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ocuparam o prédio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) em Curitiba durante todo o dia nesta segunda-feira (13) para pressionar o governo federal por melhorias nas condições da saúde indígena em toda a região sul. Os manifestantes reclamavam que estão sem atendimento médico desde outubro, quando a organização não-governamental (ONG) Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) deveria ter assumido o serviço. A entidade foi vencedora de um edital da Sesai, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
‘Mais de 60 mil índios estão sem atendimento em toda a região sul e sabemos que só com uma ação pesada dessas é que vamos conseguir resolver a questão‘, explica o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Romancil Cretã. Ele ainda afirma que as comunidades indígenas do sul do país são contra o sistema adotado pelo Ministério da Saúde para atender a demanda de saúde dos índios da região. ‘Colocar uma ONG que não sabe nada sobre a gente não resolve nada. Queremos a contratação direta de profissionais de saúde, comprometidos com a nossa demanda‘.
A ocupação, que deveria continuar pelos próximos dias até que o grupo recebesse uma reposta da Sesai a respeito do assunto, foi encerrada após uma reunião no Ministério Público Federal (MPF). O encontro contou com a presença de representantes das comunidades indígenas, da Sesai e da SPDM. Ficou decido que serão contratados novos profissionais para o atendimento às comunidades e que os funcionários da conveniada irão receber até a próxima sexta-feira (17/02) os salários que estavam atrasados desde dezembro. Uma nova reunião ficou agendada para hoje (14/02), para acertar demais pendências. A manifestação desta segunda-feira, entretanto, chegou a causar transtornos em todo o prédio onde está localizado o escritório da secretaria especial em Curitiba. Funcionários ligados ao órgão foram impedidos de sair para ir embora, causando confusão no local.
O Ministério da Saúde afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as informações sobre a falta de atendimento às comunidades indígenas não procedem. “As equipes multidisciplinares de saúde indígena fazem visitas regulares às aldeias para atendimento dos indígenas que compõe o DSEI Interior Sul (responsável pelo atendimento aos indígenas de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).” Além disso, o ministério informou que foram contratados até o momento 532 profissionais de saúde do total de 696 vagas. De acordo com o órgão, o valor previsto para o convênio é de R$ 21,9 milhões, sendo que R$ 3,6 milhões já foram repassados na primeira parcela do convênio. Outras três parcelas estão previstas – a próxima ainda em fevreiro – e toda a movimentação da verba realizada pela conveniada é acompanhada pelo ministério. Procurada pela reportagem para dar explicações sobre a falta de atendimento de saúde nas comunidades indígenas a SPDM não retornou o contato.