Cinco dias depois do incêndio que destruiu parte do Centro Cultural Caingangue de Londrina, a Secretaria Municipal de Ação Social e os próprios índios já conseguiram improvisar meios de continuar utilizando o local. Durante o fim de semana, apenas vinte índios permaneceram no centro – que é sede dos caingangues que vivem na reserva do Apucaraninha, em Tamarana, nos dias em que vão à cidade vender seus artesanatos, uma de suas principais fontes de renda. No entanto, a pretensão é que, até o final do ano, o local possa abrigar um número bem maior de pessoas.
A antropóloga da secretaria, Marlene de Oliveira, explica que das oito casas que havia no local, apenas quatro não foram totalmente consumidas pelo fogo. As famílias que não retornaram à reserva ajudaram nos trabalhos de recuperação provisória. ?Já conseguimos tirar todo o entulho, arrumar um banheiro e instalar chuveiros para eles?, cita. A caixa d?água, totalmente comprometida, também deu lugar a uma instalação provisória para abastecimento feita pelos próprios índios.
Marlene diz que já havia planos de reformar as casas, mas que agora os projetos arquitetônicos devem contemplar mudanças na tipologia das residências – como telhados de alvenaria e não mais de sapé – antes de serem colocados em prática, justamente para evitar incidentes como o da madrugada da última sexta-feira. ?Mas como no fim do ano vem muitas famílias e a gente não pode de uma hora para outra construir, estamos ajeitando o espaço e eles estão participando?, enfatiza. O Centro Cultural costuma abrigar, normalmente, de 30 a 40 índios. No dia 12 de dezembro, a área pública do centro – destruída no ano retrasado também por um incêndio – será inaugurada e a promessa é que, até lá, a estrutura esteja readequada. Nenhum índio ficou ferido no incêndio.
Funai
Para o administrador local da Fundação Nacional do Índio (Funai), José Gonçalves dos Santos, tanto o incêndio da semana passada quanto o do ano retrasado, que destruiu a área pública do Centro Cultural Caingangue, podem ter sido criminosos. Ele diz isso baseado no relato dos índios. ?Segundo informações de alguns indígenas que viram o incêndio, foi uma pessoa que jogou fogo em uma das casas. A Polícia Federal esteve no local, ouviu as pessoas que tinham visto e está investigando.?
Santos acredita que o primeiro incêndio também tenha sido provocado. ?Ainda mais porque foi uma seqüência?, justifica. ?Suponho que é uma pessoa realmente má ou alguém que tenha discriminação contra índios.?