A pouco mais de 50 quilômetros de Curitiba, um grupo de índios luta para manter suas tradições e sobreviver em meio ao avanço da sociedade moderna. Trata-se da aldeia indígena Araçaí, localizada em Piraquara, na região metropolitana. Lá, vivem cerca de 80 índios guaranis, que chegaram ao local há pouco mais de 10 anos, após a criação da reserva. Todos eles vieram das aldeias próximas ao município de Mangueirinha, na região sudoeste do Paraná.

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“No começo foi muito difícil para todos nós. Estávamos em um local totalmente diferente, então não conhecíamos bem a terra e o que ela podia nos proporcionar. Agora já estamos totalmente adaptados e gostamos muito daqui”, afirma Laércio Silva, ou Wera-Kángua, seu nome em guarani, que, aos 24 anos, é o cacique da aldeia.

Em pouco mais de uma década de ocupação da área, hoje a aldeia Araçaí conta com uma estrutura básica e sobrevive de doações e das vendas das peças de artesanato. As casas são de madeira e foram construídas pelos próprios índios. O piso das residências é de chão batido e os banheiros são comunitários. A aldeia ainda conta com um posto de saúde e uma pequena escola, mantidos pela prefeitura.

Segundo o cacique Laércio, hoje uma das principais dificuldades é em relação às condições estruturais das casas da aldeia. “Precisamos de casas com maior estrutura, espaço e tudo mais. Mas já estamos em negociação com a Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná) para a construção de novas residências para todos aqui”, conta.

Cacique Laércio: precisamosde casas com maior estrutura.
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Língua

O grande desafio atualmente é manter a cultura guarani entre os integrantes da aldeia. As aulas na pequena escola são ministradas por quatros professores, sendo dois deles dedicados exclusivamente a ensinar a língua e a cultura indígena. O resultado é percebido dentro da aldeia, onde os índios só se comunicam em guarani.

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“Já alfabetizamos as nossas crianças em guarani e português, além de toda a história do Brasil, junto com a história do nosso povo. Mostramos que as duas histórias andaram juntas”, diz Hélio Fernandes, que é professor da aldeia e estudante do sétimo período do curso de Pedagogia.

Artesanato gera renda

Segundo o cacique Laércio, além das aulas sobre a história e a língua guarani, as tradições são mantidas através dos afazeres do dia a dia da aldeia. Diariamente, todos os índios se reúnem na Casa de Rezas para entoar cânticos antigos ao som de instrumentos tradicionais e violões. Em ocasiões e datas especiais, a culinária indígena também é relembrada quando moradores da aldeia servem alimentos à base de milho e mel. “Nós vamos tentando o máximo possível para manter nossas tradições e costumes. Por isso estamos sempre abertos às visitas”, afirma.

De acordo com o cacique, as visitações são um jeito de as pessoas conhecerem os costumes da aldeia e também gerar renda aos indígenas. “Como não dá para plantar nessa terra, por ser área de proteção ambiental, nós tentamos ganhar algum dinheiro com a venda de artesanato”, explica Laércio. “Dessa maneira, vamos t,entando manter nosso meio de vida e tradições, além de manter o contato com o mundo externo”, conclui. Interessados em conhecer a aldeia devem procurar o Centr]o de Informações Turísticas de Piraquara: (41) 3673-4442 ou 3673-0186.

Impedidos de plantar na área, índios sobrevivem do artesanato.
Casas de madeira foram construídas pelos próprios índios.
Professor Hélio: duas histórias andam juntas.
Objetos que são vendidos aos visitantes.