Índios desocupam prédio da Funasa em Curitiba

Após negociação com o presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Francisco Tanino Bastos Forte, os índios concordaram em deixar o prédio da instituição, em Curitiba, ocupado desde a tarde de terça-feira.

Forte prometeu a liberação dos cerca de R$ 800 mil usados para o atendimento à saúde dos índios no Paraná. O recurso estava atrasado. O termo deverá ser publicado hoje no Diário Oficial da União e em 48 horas o dinheiro será depositado.

Há cerca de quatro meses, o dinheiro não era repassado e a situação nas aldeias chegou a um ponto crítico. Ficaram sem atendimento médico e remédios, além de enfrentar problemas com o transporte.

Como as negociações não evoluíam, esta semana os índios decidiram tomar uma medida drástica. Invadiram o prédio da Funasa na capital e não permitiram a saída dos funcionários. Os índios prometiam liberar os trabalhadores só depois de ouvirem uma resposta concreta da Funasa em Brasília. A porta de vidro do prédio chegou a ser quebrada com um chute por um colega de uma funcionária presa.

Só perto das 22h de terça-feira os funcionários puderam deixar o local. Mas os dirigentes ficaram até de madrugada e saíram com a promessa de que voltariam. E foi isso o que aconteceu.

O cacique Neoli Olíbio, da aldeia Kaingang Boa Vista, de Laranjeiras do Sul, explicou que a Funasa havia se comprometido em agilizar o processo de liberação de recursos para a volta do convênio com a ONG Reimer, que fazia o serviço médico até o final do ano passado.

A prestação de contas da entidade está sendo analisada pela Procuradoria Geral da União (PGU), e o mesmo acontece com outros convênios da Funasa. Por conta disso, houve atraso nos repasses e, conseqüentemente, os problemas começaram a aparecer nas aldeias.

Problema maior do que a liberação dos recursos está relacionado ao transporte. Neste mês, terminou o contrato de terceirização da frota de veículos que levava a equipe médica até as aldeias e que também fazia o transporte dos pacientes quando necessário.

?O sistema realmente pára se não houver transporte. Os profissionais não têm como ir trabalhar. A frota própria da Funasa está defasada, antiga, sucateada. Foi em virtude disso que houve a terceirização, em 2007?, comentou o coordenador regional da Funasa no Estado, Vinícius Reali Paraná.

A reunião que colocou um ponto final no impasse ocorreu às 16h de ontem. Os índios negociaram, por telefone, diretamente com o presidente da Funasa. Eles esperam que o dinheiro chegue em 48 horas.

Em relação ao transporte, Forte prometeu que virá a Curitiba na próxima semana ou mandará um representante, para tentar encontrar uma solução para a situação. Os índios prometeram que, se o problema não for resolvido, voltam a ocupar o prédio.

Ontem, o atendimento nos três órgãos de saúde que funcionam no prédio ficou paralisado porque os funcionários não puderam entrar. Mas hoje as atividades serão retomadas normalmente.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo