Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a criação de áreas indígenas em cinco estados, mas o Paraná ficou de fora. No entanto, existem seis áreas que precisam ser demarcadas. Uma delas pertence à tribo xetá, que teve os primeiros contatos com não-índios em 1950. Na época, havia cerca de trezentas pessoas na aldeia que ficava na região de Umuarama. Hoje, há apenas nove índios puros e 28 descendentes. Da criação da reserva depende a sobrevivência da cultura desse povo.
A área que pertence à tribo xetá e a dos caingangues, em Laranjeiras do Sul, já estão em processo adiantado de demarcação. Grupos de trabalho que vão definir o tamanho e a localização das aldeias já estão atuando, mas ainda não há previsão para a conclusão dos trabalhos. Os xetás hoje vivem espalhados, mas estão dispostos a se reunir quando for concluída a criação da reserva. A instalação de uma escola seria uma das ações a serem desenvolvidas no local para preservar a cultura. Os índios vão reaprender a falar e a escrever a língua do seu povo.
No entanto o processo das outras áreas ainda não começou. Uma delas fica em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), outras duas em Guaraqueçaba (litoral norte) e a última em Pontal do Paraná (litoral sul). Nas seis reservas vão morar mil índios, dos 11 mil que vivem no Paraná. Segundo o indigenista Edívio Batistelli, um dos maiores problemas para realizar a demarcação é reassentar as famílias que vivem nesses locais.
Edívio ressalta que a demarcação é importante, mas sozinha não melhora as condições de vida dos povos indígenas, que em muitos lugares vivem em situação de miséria, como se fossem favelas rurais. Para ele, o governo precisa investir mais nas aldeias, favorecendo a produção de alimentos e o saneamento básico. Hoje a fonte de renda deles vem basicamente da agricultura e do artesanato.
Há aldeias que aos poucos foram sendo suprimidas e agora estão pequenas para as tribos, como as de ficam em Santa Amélia (Norte Pioneiro) e São Miguel do Iguaçu (Oeste). Edívio defende a aprovação urgente do Estatuto dos Povos Indígenas, que vai garantir ao índio a inclusão social sem a perda da sua cultura. Ele está engavetado desde a Constituinte de 1988.
No Estado há 8.500 índios caingangues, 2.400 guaranis e 36 xetás. No País, 65% das áreas indígenas estão demarcadas e há cerca de quarenta tribos que nunca tiveram contato com não-índios.