Foto: Walter Alves/O Estado |
Concurso reuniu mais de 150 pessoas na instituição, em Curitiba. |
Mais de 150 candidatos passaram ontem pelo primeiro dia de provas do vestibular indígena, que vai selecionar 43 índios para vagas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em outras seis universidades estaduais. Ontem, os candidatos foram submetidos à prova oral de Língua Portuguesa. Hoje, eles farão provas escritas de redação, Língua Indígena ou Estrangeira, História, Matemática, Física, Química, Biologia e Geografia. As provas estão sendo realizadas no campus Santos Andrade da UFPR, em Curitiba.
A coordenadora do Núcleo de Atividades Formativas da UFPR, Cristiane Ribeiro da Silva, explicou que cada universidade estadual receberá seis dos aprovados, enquanto a UFPR terá sete vagas. ?Os participantes se candidataram para as universidades. Só depois que tivermos os aprovados é que eles passarão por uma matrícula orientada, para decidir que curso fará?, disse.
Pai e filho, José e Elvis Ribeiro já vieram de Tenente Portela (RS) com a opção de curso. ?Quero Medicina, para poder contribuir depois com minha comunidade?, disse Elvis. ?Já trabalho com educação com o nosso povo, mas nossas escolas são dirigidas por brancos. Por isso pretendo cursar pedagogia, para, um dia, poder dirigir nossa escola?, comentou José.
Eles também disseram estar bastante satisfeitos com a oportunidade de cursar uma universidade pública. ?Pena que não temos uma oportunidade dessas no Rio Grande do Sul. Se passarmos, vamos ter de mudar de estado. Mas é um sacrifício que vale a pena?, disse Elvis.
Com quatro irmãos já na universidade, Jaciele Kuita tenta uma vaga na Universidade Estadual de Maringá (UEM). ?Pretendo cursar Ciências Sociais, pois gosto de lidar com pessoas e quero contribuir para o desenvolvimento de minha comunidade?, disse.
Para ela, o grande número de inscritos no concurso (169) mostra a vontade que o povo indígena tem de ampliar os conhecimentos. ?É muito bom ver meu povo entrando na vida acadêmica, querendo crescer como pessoas?, comentou.
Todas as despesas com deslocamento e alimentação dos índios durante os dois dias de vestibular estão sendo custeados pela Fundação Nacional do Índio (Funai).