Indígenas ainda aguardam pela aquisição de terras

A aquisição de terras para abrigar o número crescente de índios avás-guaranis que habitam a reserva do Ocoí, em São Miguel do Iguaçu, foi pauta, ontem, de uma reunião na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu. A discussão aconteceu depois que os vereadores foram convidados pelo cacique Simão Tupã Retã Vilialva para visitar a reserva onde vivem 134 famílias.

Os projetos realizados no local pela Itaipu Binacional e pelo comitê gestor que atua junto aos índios, formado por entidades assistenciais e órgãos públicos, também foram apresentados. Os índios da reserva Ocoí querem chamar a atenção do poder público para a insuficiência de terras para a agricultura de subsistência e a demora da Funai em adquirir novas áreas de plantio à tribo -promessa que se estende desde setembro do ano passado, quando esses mesmos índios ocuparam o Parque Nacional do Iguaçu alegando necessidade em voltar à floresta para sobreviver. Foram dois os pontos visitados pelos vereadores. A reserva de Diamante do Oeste, com 1.700 hectares e 33 famílias, e a do Ocoí, onde a população indígena passou de 13 para 75 famílias, entre os anos de 1982, quando a reserva foi criada, e 1997. Apesar dos projetos de assistência à saúde, alimentação e moradia, segundo o presidente da Câmara de Foz, Carlos Juliano Budel, os índios estão confinados e necessitam mais terras. "A Funai deveria buscar uma nova opção de espaço para a reserva do Ocoí. Percebemos que diversos organismos estão ajudando, mas justamente o tutor dos índios no Brasil, a Funai, é grande ausência", denuncia.

Nas duas reservas, a Itaipu e um comitê gestor mantêm projetos assistenciais – como postos de saúde, escolas, habitações, tanques de pesca e distribuição de cestas básicas. Mas no Ocoí o problema da superpopulação preocupa as entidades. "Isso se dá não apenas pelo crescimento vegetativo. Os avás-guaranis têm famílias extensas, uma das razões que ocasionam o fluxo de famílias do Paraguai e Argentina para cá. Alem disso, aqui têm aposentadoria, assistência médica e alimentação", explica o diretor de coordenação de Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich. Segundo ele, apesar de a companhia já ter feito sua parte em relação às comunidades indígenas quando da criação da reserva de Diamante do Oeste – que teria permitido conter a dispersão dos guaranis no Estado -, continua atuando na assistência aos índios do Ocoí. "Trabalhamos desde dezembro do ano passado na aquisição de uma área pela Funai próximo a Diamante do Oeste, de 95 alqueires. Ali, cerca de 28 famílias do Ocoí poderão ser instaladas." Outras áreas também estariam sendo levantadas para possível aquisição.

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