Uma festa realizada neste domingo (2), em Curitiba, comemorou a independência da Ucrânia, conquistada em 24 de agosto de 1991. A festa ocorre anualmente no Memorial da Imigração Ucraniana no mês da independência, mas este ano precisou ser adiada em função da finalização de um deck de madeira para apresentações folclóricas.
O evento serve como forma de manter a identificação dos descendentes com o país de origem dos pais, avós e bisavós. De acordo com o presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, Vitório Sorotiuk, estima-se que pelo menos 5% da população de Curitiba e região metropolitana tenha alguma ascendência ucraniana.
Isso ocorre por causa da forte imigração da população, que chegou ao país desde 1891. “Segundo o registro, vilas foram esvaziadas pela metade na Ucrânia, famílias inteiras mudaram-se para o Brasil”, conta. Ele afirma que 80% dos imigrantes escolheram o Paraná como nova moradia. Hoje, a população de descendentes é de cerca de 400 mil pessoas.
Aqui, eles fundaram cidades como Prudentópolis e mantém viva sua cultura de origem. Sorotiuk conta que em 80 cidades brasileiras, a maioria no Paraná, tradições milenares ucranianas como a pintura das pêssankas – ovos pintados a mão com símbolos milenares com vários significados – são ensinadas na escola.
Aventura
Sorotiuk narra também a verdadeira aventura que era a viagem dos primeiros grupos. Em 23 de agosto de 1891, eles chegaram ao Rio de Janeiro após uma viagem de navio que demorava meses.
Após o desembarque eles permaneciam por 45 dias na Ilha das Flores, em quarentena. Apenas depois deste período era liberada a continuação da viagem, também pelo mar, para o Porto de Paranaguá.
Os primeiros imigrantes vinham ao Brasil como parte de uma política brasileira para colonizar os estados da região Sul, principalmente para atuar na agricultura. Boa parte deles não possuía terra no país de origem e fugiu de situações de miséria ou da guerra.
Cultura
Hoje, a cultura ucraniana está refletida na arquitetura e culinária local, com pratos típicos como vareneke ou perohê – pastel cozido também conhecido como pierogi, assim chamado pelos poloneses – e o embutido conhecido como krakóvia. A presença ucraniana também é percebida nos bordados feitos em almofadas, panos de pratos, toalhas e até nas roupas das famílias do grupo étnico.