Uma notificação do Intituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) endereçada à Secretaria Estadual de Segurança Pública pôs fim ao movimento de reintegração de posse na Fazenda Urupês, em Cruzeiro do Oeste, na região noroeste do Estado. A ordem havia sido emitida no dia 14, porém só agora a Polícia Militar estava empenhada em fazer valer a decisão da juíza Roseli Maria Gelle, da Vara Cível de Cruzeiro do Oeste.
Desde o dia 12 de junho, cerca de 300 pessoas – entre trabalhadores sem terra e familiares – estão acampados na fazenda. Incomodado com a presença dos populares, o dono da propriedade, Antônio Sestito, recorreu à Justiça para forçar a saída dos trabalhadores.
Porém, segundo o Incra, o superintendente Celso Lisboa de Lacerda conseguiu reverter a intenção de reintegração após comunicar a Sesp que a área em questão está em fase de negociação, já que o proprietário da fazenda tem interesse em vendê-la. De acordo com o Incra, o processo de compra e assentamento só não foi efetivado ainda devido a problemas de documentação da propriedade.
Para o trabalhador Anderson Kenor, um dos líderes do acampamento, a notícia da suspensão da ação de reintegração tornou o ambiente mais tranqüilo. ?Estávamos naquela expectativa de sermos forçados a sair. Agora, já vamos começar a trabalhar a terra para o plantio?, comemorou. Ele conta ainda que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai entrar com uma ação para cassar a liminar de reintegração, para ter garantia da presença dos trabalhadores no local.
A tranqüilidade só não é completa devido à atuação constante de milícias de pistoleiros, contratados, segundo ele, por fazendeiros da região. ?Um dos nossos companheiro, Almir de Oliveira Rodrigues, levou um tiro no braço na última quinta-feira. Poderia ter sido pior. Entendemos como uma tentativa de homicídio?, disse Kenor.
Segundo a assessoria de imprensa da Sesp, a orientação dada aos policiais militares é de que permaneçam no local, independente da suspensão da reintegração de posse. O intuito é entrar em ação no caso de novos conflitos entre trabalhadores e pistoleiros. Enquanto isso, a Polícia Civil segue investigando o incidente com o trabalhador baleado.