Um conflito entre agricultores de movimentos sociais diferentes e que reivindicam a reforma agrária será discutido na próxima segunda-feira, no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Curitiba.
Em 2002, cerca de 50 famílias do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast) ocuparam a fazenda Quem Sabe, localizada em Centenário do Sul, no norte do Paraná.
O problema é que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também acamparam no local e, desde então, os dois grupos passaram a brigar pelas terras, que já foram desapropriadas e consideradas improdutivas pelo Incra.
O coordenador regional do Mast em Centenário do Sul, Juraci Pereira dos Santos, disse que as famílias tiveram que sair da fazenda Quem Sabe em 2005 e, desde então, estão abrigadas em uma chácara cedida pela Prefeitura.
“Em 2005, o MST invadiu a fazenda e nos expulsou de lá. Eles botaram fogo nos barracos e estavam armados”, afirma. Depois disso, explica Santos, as famílias do Mast continuaram na fazenda, mas em um ponto distante do MST, até que a Prefeitura os acolhesse.
Para Santos, o Mast tem direito às terras. “Esperamos que o Incra considere que temos direitos, pois já estávamos lá mesmo antes de o MST chegar. Quem fez todos os acertos com o Incra e com o proprietário fomos nós.”
Já o MST conta com cerca de 70 famílias no local. Um dos líderes do movimento no Paraná, José Damasceno, nega ter havido confronto na época e diz que as famílias do Mast deixaram duas fazendas em Miraselva, na mesma região, depois de acordarem com o governo do Estado que poderiam ficar na Quem Sabe. “Chegamos na Quem Sabe antes do Mast”, defende Damasceno.
O Incra informou que a fazenda possui pouco mais de 486 hectares e que abriga 25 famílias apenas. O decreto presidencial que declara a área de interesse social (improdutiva) é de 10 de dezembro de 2004.
O Incra recebeu a posse do local em 18 de julho deste ano. O órgão informou ainda que a escolha das famílias que deverão ser assentadas na Quem Sabe seguirá critérios eliminatórios e classificatórios, o que já é de praxe, e não deve levar em consideração quem chegou antes ou depois na fazenda. A reunião da semana que vem contará com participação de representantes da Prefeitura de Centenário do Sul e do Incra.